Anke Merzbach












Inessencial



sinto um clarão

que me cega

à luz

da vida opaca

que procuro não levar



quero distância de mim

hoje

quero-me apenas

longe

no interstício daquilo que se foi

ou está para nascer



lucidez insana

a embalar-me

no vácuo das idéias



quero um papel repleto de versos

feios

estranhos

que incomodem a cegueira de quem vê...



um espelho distante do abismo



eu não vejo

tampouco sei

se vale a pena

continuar

em poética desvairada

inútil



estranho ritual



Inessencialidades me constituem

como existente inviável.




Ana Paula Perissé


Nenhum comentário: