Vladimir Volegov
BUGANVÍLIAS
Elas sobem paredes,
rondam portões,
derrubam cores aos borbotões.
Litigantes,
empurra-empurram-se
Buganvílias
em vicejante briga de família.
Flora Figueiredo
Vladimir Volegov
RANGERIA.
Rangiam os incautos
os inocentes
os breves de espírito.
porque o tempo das coisas
ameaça nossa existência.
A acção que se dá
reaLIDADE coisa
é pessoal e intransferível.
Ave!
O verbo de faz
Sem aventura
Muita.
Ana Paula Perissé
Vladimir Volegov
Poesia é esse encanto
d e s p r e t e n s i o s o
que vem à tona
toda vez que o mundo
vira palavra.
Priscila Rôde
Vladimir Volegov
SEM VOCÊ COMO O POR QUÊ
Nosso amor veste esta
casa.
Moldura de carinho,
Pela porta faz entrada,
Pelas frestas e janelas
Onde flores se avizinham,
Se espalham pela calçada.
Tem sede da vida que
somos,
Imagens cotidianas,
coloridas, perfumadas,
Em outras esmaecidas,
renovadas.
De colos aconchegantes,
sorrisos, olhares,
Cheiros que falam,
transbordam silêncios
Que tocam sentimentos,
vazão dão...
Tudo nem sempre igual...
Ah! Coração! Mansidão
especial,
De infinitos, cada qual
revela um ser
Seja em dor, alegria,
delicadeza e prazer,
Impregna o teto, paredes
tecidas de encantos,
Mentes, almas afogueadas,
Nosso canto, em doce
paixão de viver.
Sem você, falta o por quê,
Um quê, não sei, de asas,
De tudo por se fazer...
Já convidamos o amor
Pra vestir a nova casa.
Gaiô
Vladimir Volegov
OSCILAÇÕES
Passeando em meus altos e baixos,
fujo do claro, corro do escuro,
fecho a porta, pulo o muro.
Sou só oscilação...
entre feliz e alucinada,
acabo no meio da depressão,
entre doida e retardada,
sobra muita confusão.
Caio daqui, levanto dali...
no chão eu não fico não!
A meiguice vira pieguice,
a doçura se transforma em loucura,
o certo é o improvável,
o fácil é impossível...
então...eu durmo...
Marcia Mattoso
fujo do claro, corro do escuro,
fecho a porta, pulo o muro.
Sou só oscilação...
entre feliz e alucinada,
acabo no meio da depressão,
entre doida e retardada,
sobra muita confusão.
Caio daqui, levanto dali...
no chão eu não fico não!
A meiguice vira pieguice,
a doçura se transforma em loucura,
o certo é o improvável,
o fácil é impossível...
então...eu durmo...
Marcia Mattoso
Vladimir Volegov
O livro
O livro é a casa
onde se descansa
do mundo
O livro é a casa
do tempo
é a casa de tudo
Mar e rio
no mesmo fio
água doce e salgada
O livro é onde
a gente se esconde
em gruta encantada.
Roseana Murray
Vladimir Volegov
Tela inanimada
Sonhei com uma tela
Branca e inodor
Lentamente surgiu uma flor
bela
E um jardim apareceu em
esplendor
As rosas derretiam
Cada uma delas chorava
Nas gotas rostos refletiam
Perfume sem igual o
semblante exalava
Procurei-me nas gotas sem
parar
Perdi-me ao encontrar o
rosto de meu amado
Que amargo, tornou-se
soprano a gritar
Que nunca mais haveria
lugar para mim em seu torso suado
Permaneci imóvel e
coloquei-me a lembrar
De viagens, paisagens e
flores sem lugar
Encontrei-me na tela que eu
mesma pintei
Chorei, sofri, mas por fim
resignei
Sarah Aline
Vladimir Volegov
Palavras caladas
Preciso escrever, preciso... a alma canta palavras
caladas.
Precisam surpreender, envolver.
Há nostalgia e face fria,
Desenvolver alentos, doce e calmaria.
Fazer a noite norte condicionar alimentos
Embebedar-me de licores
Amores fartos e
Sentimentos.
Kátia Torres Negrisoli
Vladimir Volegov
Reticências
te
bloqueiam
Reminiscências
te
desviam
Luminescências
te
refletem
tudo bem
Daqui a pouco
a
vida continua
Juntando mais reflexos
novas lembranças
tudo bem
é assim
mesmo
Roberto Queiroz
Vladimir Volegov
imensidão
no azul a liberdade
de voar como se queira
mudar de forma lugar
recortar bordas e beiras
trovejar soltar faísca
permitir-se o arco-íris
o sol as nuvens as pipas
os aviões paraquedas
as asas deltas
delícias
Líria Porto
Vladimir Volegov
Vladimir Volegov
Nascido
em Khabarovsk, Rússia, Vladimir Volegov começou a pintar precocemente, aos três
anos de idade e seu talento seria repetidamente notado durante sua
adolescência. Depois de cursar a escola de artes e servir o exército, foi
admitido no Instituto Poligráfico de Lvov, na antiga União Soviética. Mudou-se
para Moscou em 1988 e, em pouco tempo, sua carreira comercial estava à toda,
com trabalhos na elaboração de capas de CD e cartazes promocionais, enquanto
prosseguia com a linha artística. Em 1990, ganhou algum dinheiro na Europa como
pintor retratista pelas ruas de Barcelona, Berlim, Viena e outras cidades,
quando aprimorou seus traços sobre a forma humana. Nos últimos anos, seu
trabalho enveredou pela arte figurativa, com uma vibrante paleta de cores e
fortes pinceladas, que carregam uma sensibilidade atemporal.
Poesias
Confluência
Ter-te amado, a fantasia exata se cumprindo
sem distância.
Ter-te amado convertendo em mel
o que era ânsia.
Ter-te amado a boca, o tato, o cheiro:
intumescente encontro de reentrâncias.
Ter-te amado
fez-me sentir:
no corpo teu, o meu desejo
– é ancorada errância.
Affonso Romano de
Sant'Anna
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