Arthur Braginsky

Arthur Braginsky









OS MACABROS, AOS DIABOS!


Fora: os macabros, os demônios, os diabos!
Dia de expulsar: as invejas, as malícias, todos ais.
Fora: usurpador, credor, devedor.
Dia de mandar, dia de limpar!

Dentro: os ingênuos, os puros, os felizes!
Dia de brincar: os anjos, as fadas, os tais.
Dentro: somador, trabalha dor, sonhador.
Dia de brincar, dia de sonhar!!


Kátia  Torres Negrisoli
In réstias

Arthur Braginsky









Eu encanto, lira tanto


E se eu estiver sentindo falta, irei!
E se estiver cansada, pararei...
Mas os teus olhos em brilho levarei,
Muito além do que possas imaginar.

O teu cansaço aliviarei, teu resgate farei..................
E se antes de tudo, o mais a dizer for o silêncio,
Inenarrável silêncio, em tua boca morrerei,
Deixarei o hálito envolver em longa aura de frescor.

Imantarei a pedra enrolada pedra,
que escorre em meles sutis e gentis.

Mais que tudo: a falta geme, o tido ladra, o frio salta, os olhos buscam a esfera.
A esfera sucinta inacreditável espera,
A manta calcada em pés, em fés e dizeres.

O teu prazer, o meu querer, muito mais que bem!

Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky











Br eu

A noite é breu.
A noite sou eu.
Noturna fresta.
Interna festa.

A noite eterna,
Ah, noite!
Amarela, rosada.
Espiralada, embasbacada.

Muita noite, pouco dia.
Muita fome, pouca alegria.
A espera uma esfera.
A medida uma menina.

A composê, matelassê;
Fio dourado, macramê.
Mas noite fica, noite torna.
Noite borda chão de estrelas.

Noite fica, espreita.
É noite apenas, noite do meu bem.


Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky








Eterno


Convido ao Eterno para retornar à partida.

Ao efêmero formas reduzidas.
Ao passageiro serestas funestas.
Alvissareiro digo ao além dos ares..............
Pinta-me de todas as cores, fugi do arco-íris, sou celeste sem forma.
Sou agreste, retorno.

Pinto as estrelas no espaço branco.
Prateio o pranto, brinco com o prato.
Lavo a mancheias, àquele que serpenteia.
Enfeito,louvo, rogo, engulo, permaneço e parto.


Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky








Apaixonada


Assim vibra o meu coração
Assim colho os pedaços encontrados
Assim remonto a cena,
Crio novo poema.

Encontro seu nome, apenas,
Soletro as letras pequenas,
Em sílabas reconstruo a frase,
Logo em cena a sua face.

E permaneço em seu nome mistério
A letra secreta e irreverente
Ágil, pertinente, de 100 anos
Assim quero acariciar mãos plenas
De amor, de cheiros molhados, de novos cuidados.

Dos meles dos olhos, os sutis desdobrados
Seu sobrecenho maduro, sua tez macia,
Seus dentes brilhantes, um homem, mar cante!


Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky









Ao cristalino distante


Amo... amo àquele que me vem e não conheço.
Amo aquele que me vem e não defino.
Amo este que me bate à porta e me traz a incerteza.
Amo sua doença, seu bem-estar, sua cor, sua tez, sua insensatez.
Amo quando entende minha impulsividade em tentar entender.
Inclusive, sua gesticulação e sobrecenho.


Amo a diferença, a falta de confiança e a dificuldade de estar ao lado.
Acima de tudo, amo esta vida que nos tracejou caminhos em comum
Amos seus olhos castanhos-brilhantes-lampejantes!
Amo seus escritos, sua contribuição à vida!
E esta que aparece em pequenos lampejos aos olhos do meu cristalino distante.

Eia, Terra errante, eia e avante! 
Somos grãos de areia, tu és grande enquanto partilhas, tu és o que me faltava nos dias desditos.
Obrigada!


Ao poeta escolhido dos dias!

Saúde e alegria!



Kátia Torres Negrisoli






Arthur Braginsky






d i a


Fiz os doces, reguei as plantas, colhi as amoras.
Enfeitei a mesa, tirei o pó, arrumei o armário.
Cozinhei, limpei, lavei, passei.
E o dia se foi, junto ao sol poente.
A noite veio e trouxe ar de melancolia e cansaço dormente.
Havia muito por fazer, a dor do pulso, a dor dos olhos, as olheiras.
O cansaço das tarefas, o curvado ombro, a face quieta.

A boca cansada das palavras todas ficou mais emudecida ainda.
Vieram as estrelas pintar o céu.
Veio a imaginação povoar o sonho.
Quem sabe um dia, quem sabe, lá no horizonte onde o Sol se põe mais cedo.
Uma rede, um coqueiro, um homem inteiro, uma mulher possa se despir sozinha.

Sem cobrir a parte mais íntima e dizer:
_Estou aqui!


Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky








A noite em vermelho*


A noite desce, a noite tem pressa...


A noite cresce, a noite entontece...

A noite fermenta, a noite!

A noite enlouquece, faz festa, quermesse!

A noite escama, implora e chama.

A noite incendeia, vagueia, clareia.

A noite estrela estrelas, cintila lua.

Na noite há cinzas e nuvens escondidas.

A noite é assim, misteriosa e calada.

A noite sem fim, do meu bem-amado.

A noite de mim, deixou-me assim:

... poeta discreta, amante in carmim!


Kátia Torres Negrisole

Arthur Braginsky








Doce festa!


Em dias de festa, corto o doce principal e bebo o vinho em taça genial.
Espero pelo café sem rum licor, a amêndoa e o chocolate pequeno,
ao lado da xícara teu sabor!

Em dias de festa, visto o brim, deito o cetim.
Na pequena boca o meu lábio teu carmim.
Vou serena e tranqüila e visito o altar das rosas.
Encontro lírios, beija-flores, o teu rosto sãos amores.

Em dias de festa, teço o manto e enrolo a seda canga em dorso.
Entorço o laço, entorse em tornozelo.
Carrego nos ombros o marrom de um dia inteiro,
Descarrego no champagne regado a morangos em cerejas martini vodka festival.

Não há anjo angelical, não há serestas, não há violas...
Há um povo festival.
Festas são primitivas dos encontros dos suores, dos rostos molhados da longa desdita, 

festas... que dias!!
Por isso não vou!


Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky








amor criança


Não sei mais segurar criança,
não sei mais segurar neném...
Mas em meu colo tenho a esperança, 
a felicidade e o contentamento.

Não sei ajeitar o pequeno,
Nem controlar os trejeitos...
Mas sei que amo àqueles
que estão junto ao meu peito.

Não tem jeito, 
amor sem fim é assim
Fiz trovinha ,
este versinho 
para mim, assim, assim...

Velho jardim...
em reforma!


Kátia Torres Negrisoli

Arthur Braginsky



ARTHUR BRAGINSKY, nascido em 1965 em Mukachevo (Ucrânia), formou-se em artes em 1982. Mais tarde, estudou no
Fedorov Polygraphic Institute.
De 1987 a 1989 trabalhou como iluminador na filarmônica regional (Uzhgorod) e, mais tarde, como decorador de teatro de arte dramática. “O gênio ucraniano pinta suas modelos em um mundo de fantasia, capturando suas curvas mortais envolvidas em fitas de seda”, relata uma resenha crítica do People Magazine Austrália.

Quem der uma olhada em uma das mulheres criadas por Arthur, pode ver uma imagem clássica do corpo, com um bom conhecimento de anatomia; ao mesmo tempo, pode-se notar que essa mulher foi capturada em movimento. O que dá a dinâmica aos corpos parados? Por que outros artistas retratam seus personagens imóveis e as mulheres de Arthur, mesmo nuas, estão se movendo? O movimento nas pinturas é atingido devido a uma combinação de classicismo e futurismo, com inspiração em numerosas revistas de moda contemporâneas, embora a influência mais marcante venha da Playboy, com seu modo grosseiro de capturar a beleza feminina. Tal idéia fez Arthur pensar sobre a combinação do conhecimento da pintura clássica com a visão contemporânea da beleza. De maneira que foi criado um nu dinâmico e, como assinalado por admiradores da arte de Arthur Braginsky: "Este é um talento puro para criar a alma de uma mulher de uma maneira tal que o corpo se torna a própria alma!"










As palavras***


E se me der vontade de poetizar, virei!
Com você, para você, ou sem você.
Se me der vontade de descompor as palavras,
Sobre você, por você, apesar de você,
Virei!

E nesta insanidade premeditada, direi:
Com as palavras pensadas, com as palavras jogadas.


Rimarei.

Ou não rimarei.

Não importa!

A verdade é a necessária e valorosa amiga.
Das crianças e das Santas poetisas.
A vaidade das palavras traz a vida.
Em sabor, em lavor, deveras amor.

E se me der vontade de poetizar virei.

Ainda, se me der vontade de sonhar, concretizarei.
Do sonho a maior verdade é o inexato.
Do consciente o maior desejo é o incontido.

Da força das letras, o grande encanto,

É esta necessidade premente, de fingir docemente,
Que esta saudade que se sente é gentil e companheira.

Por isso, se me der vontade de poetizar virei.

Para não estar só, trazer você comigo, um trato antigo.
Uma vontade nova.
Uma rosa vermelha de anos, e um desejo novato de instantes.


Kátia Torres Negrisoli


Quem sou eu

Kátia Torres Negrisoli residente de Adamantina, São Paulo.
Mãe, mulher, profissional. Presente na poesia. Apreciadora do belo, bom e verdadeiro.
Palavra definidora: coragem = cor, em latim, significa coração + agem, de agir; ação guiada pelo coração.