Marie-Paule Deville Chabrolle







Marie-Paule Deville Chabrolle




Marie-Paule Deville Chabrolle

Pintora e escultora,nascida em 1952 em Meknes, Marrocos,vive e trabalha na França. Sua abordagem da arte é uma aventura muito pessoal. De cada encontro, de cada país que atravessou, de cada entrevista carrega uma forte imagem, retratando esculturas e sangue de uma forma geral, em uma visão holística. Dois anos na Faculdade de Belas Artes em Phnom Penh, no Camboja, contribuíram para moldar uma visão única, amalgamando lágrimas, os ocres e dourados de Marrocos e a beleza óbvia de esculturas Khmer, que escondem um mundo de equilíbrio e de silêncio. Marie-Paule dedica tempo integral a seu trabalho. A cada ano, três a quatro exposições individuais são dedicadas a ela na França, com exemplos na Art Gallery-La Baule, Galerie des Ducs-Beaune, Galerie d’Alp-Megeve, Galerie du Dauphin – Honfleur e Galerie Yves Degans – Reims.

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A CANÇÃO DO DELIRANTE AENGUS



Eu fui para uma floresta de nogueiras,
Porque minha mente estava inquieta,
Eu colhi e limpei algumas nozes,
E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo;
E, quando as claras mariposas estavam voando,
Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas,
Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho
E capturei uma pequena truta prateada.
Quando eu a coloquei no chão
E fui soprar para reativar as chamas,
Alguma coisa moveu-se e eu pude ouvir,
E, alguém me chamou pelo meu nome:
Apareceu-me uma jovem, brilhando suavemente
Com flores de maçãs nos cabelos
Ela me chamou pelo meu nome e correu
E desapareceu no ar, como um brilho mais forte.
Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos
Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,
Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,
E beijar seus lábios e segurar suas mãos;
Caminharemos entre coloridas folhagens,
E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo
As prateadas maçãs da lua,
As douradas maçãs do sol.



 
William Butler Yeats


William Butler Yeats, muitas vezes apenas designado por W.B. Yeats, (Dublin, 13 de Junho de 1865 — Menton, França, 28 de Janeiro de 1939) foi um poeta, dramaturgo e místico irlandês. Atuou ativamente no Renascimento Literário Irlandês e foi co-fundador do Abbey Theatre.
Suas obras iniciais eram caracterizadas por tendência romântica exuberante e fantasiosa, que transparece no título da sua coletânea de 1893, The Celtic Twilight ("O Crepúsculo Celta"). Posteriormente, por volta dos seus 40 anos, e em resultado da sua relação com poetas modernistas, como Ezra Pound, e também do seu envolvimento ativo no nacionalismo irlandês, seu estilo torna-se mais austero e moderno.
Foi também senador irlandês, cargo que exerceu com dedicação e seriedade. Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1923. O Comitê de entrega do prêmio justificou a sua decisão pela "sua poesia sempre inspirada, que através de uma forma de elevado nível artístico dá expressão ao espírito de toda uma nação." Em 1934 compartilhou o Prêmio Gothenburg para poesia com Rudyard Kipling.







Marie-Paule Deville Chabrolle



 

 

 

 


AEDH DESEJA OS TECIDOS DOS CÉUS


Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.


William Butler Yeats


Marie-Paule Deville Chabrolle



 

 

 

 



VIAJANDO PARA BIZÂNCIO


Aquela não é terra para velhos. Gente
jovem, de braços dados, pássaros nas ramas
gerações de mortais cantando alegremente,
salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas,
peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente
tudo o que nasce e morre, sêmen ou semente.
Ao som da música sensual, o mundo esquece
as obras do intelecto que nunca envelhece.

Um homem velho é apenas uma ninharia,
trapos numa bengala à espera do final,
a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria
sobre os farrapos do seu hábito mortal;
nem há escola de canto, ali, que não estude
monumentos de sua própria magnitude.
Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância, em busca da cidade santa de Bizâncio.


Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado,
como se num mosaico de ouro a resplender,
vinde do fogo santo, em giro espiralado,
e vos tornai mestres-cantores do meu ser .
Rompei meu coração, que a febre faz doente
e, acorrentado a um mísero animal morrente,
já não sabe o que é; arrancai-me da idade
para o lavor sem fim da longa eternidade.

Livre da natureza não hei de assumir
conformação de coisa alguma natural,
mas a que o ourives grego soube urdir
de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas,
para acordar do ócio o sono imperial;
ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas,
pousado em ramo de ouro, como um pássa-
ro, o que passou e passará e sempre passa.



William Butler Yeats
Tradução: Augusto de Campos

Marie-Paule Deville Chabrolle






 

 

 

 

 

 


A SEGUNDA VINDA


Voando cada vez mais longe,
o falcão não ouve mais seu falcoeiro.
Tudo se desmancha no ar. O centro não segura
a imensa anarquia solta sobre o mundo.
Terrível maré de sangue invade tudo e
as cerimônias da inocência são afogadas.
Os homens melhores não têm convicção;
e os piores estão tomados pela intensa paixão do mal.
Alguma revelação vem por aí;
sem dúvida, é a Segunda Vinda.
Segunda Vinda! Digo estas coisas e o espírito do tempo
nubla meus olhos: nas areias do deserto
uma forma de leão com cabeça de homem,
com o olhar vazio e impiedoso como o sol,
move-se lentamente, enquanto rondam as
sombras de raivosos pássaros do deserto.
Voltou a escuridão; e eu vejo que vinte séculos de sono de pedra
querem se vingar do pesadelo que lhes trouxe o berço de um presépio.
A hora chegou por fim;
que monstruosa fera se arrasta para Belém para renascer?



William Butler Yeats

Marie-Paule Deville Chabrolle



 

 

 

 

 
As Vozes Eternas



Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam;
Vão até aos guardiões das hostes celestiais
E os ordene que vagueem obedecendo à Tua vontade,
Chamas sob chamas, até o Tempo deixar de existir;
Não tem você ouvido que nossos corações estão cansados,
Que você tem chamado por eles nos pássaros,
Yeatsno vento sobre as colinas,
Em balançantes galhos nas árvores,
Yeatsnas marés pela beira-mar?
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam.

William Butler Yeats


Marie-Paule Deville Chabrolle



 

 

 

 


O PRAZER DO DIFÍCIL


O prazer do difícil tem secado
A seiva em minhas veias. A alegria
Espontânea se foi. O fogo esfria
No coração. Algo mantém cerceado
Meu potro, como se o divino passo
Já não lembrasse o Olimpo, a asa, o espaço,
Sob o chicote, trêmulo, prostrado,
E carregasse pedras. Diabos levem
As peças de teatro que se escrevem
Com cinqüenta montagens e cenários,
O mundo de patifes e de otários,
E a guerra cotidiana com seu gado,
Afazer de teatro, afã de gente,
Juro que antes que a aurora se apresente
Eu descubro a cancela e abro o cadeado.


William Butler Yeats


                 
Tradução: Augusto de Campos


Marie-Paule Deville Chabrolle



 

 

 

 


E DAÍ?

               

Estudante, os mais íntimos colegas
Já viam nele um grande gênio então;
Ele também; e agiu segundo as regras
Passando em claro as suas noites negras.
E daí? canta a sombra de Platão.



Seus escritos lhe dão notoriedade;
Ao cabo de alguns anos ganha tão
Bem que não passa mais necessidades;
Seus amigos, amigos de verdade.
E daí? canta a sombra de Platão.



Seus sonhos todos vêm à luz do dia:
Casa boa, mulher, filhos, carrão,
Horta e pomar onde tudo crescia,
Poetas e Sábios sobre ele choviam.
E daí? canta a sombra de Platão.



Obra completa, já maduro, tosse:
"Meu projeto de jovem concluí;
Que os tolos clamem; um senão que fosse;
Pois algo ao nível do perfeito eu trouxe."
E a voz mais alto: E daí? E daí?


William Butler Yeats
Tradução: Ivo Barroso