Martín La Spina










Martín La Spina









De onde? Como? Por que?

Texturemas transcendentais


E a forma literária, sem que a busque,
se revela em mim, pó...
De antiga argila ora,
ora de estrelas chora,
moldadas na alma, sonora,
do sem fim das rimas,
mínimas,
nem sempre combina,
desafina.
Sem chance de aprendida erudição,
arde em chamas,
só feita de intuição.
Me baila no olhar a carícia
de essências comprometida,
moldadas no sonho,
na aprendizagem de amar.
Serve o outro em mim, você,
conhece do imponderável possível,
o prazer, desconhecido que sou,
na alegria de viver...
Arte de ser.

Gaiô

Martín La Spina


Martín La Spina nasceu em La Plata, Argentina em 1973. Em 1999, formou-se como Professor e com Licenciatura em Bellas Artes (orientação pintura) na Faculdade de Belas Artes (Universidad Nacional de La Plata). Realizou numerosas exposições individuais e coletivas, participando de salões de desenho, pintura e arte em vidrio desde 1989, recebendo prêmios e menções por seu trabalho artístico.
Expõe individualmente desde 1990. Em 2002, realiza diversas exposições em Barcelona, como na galeria Rainbow, de Sitges. Em 2003, estuda criação cenográfica no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón (Arg.). Em 2005, realiza novas exposições em Barcelona, entre as quais se destaca “Clasicismo y Modernidad”, na galería ArtBubble-Rubí. Em 2006, sua obra “Meninas en Metamorfosis” é publicada pelo Museo Nacional do Prado, como parte das atividades relativas ao Ano de Picasso.
Como muralista, realizou, entre outros, o mural mosaico “La Anunciación”, para a igreja N. Sra. dos Milagres, de Villa Elisa (2000). Participa como muralista convidado nas Jornadas de Arte Pública organizadas pelo Movimento Nacional de Muralistas (2000, 2002, 2004 e 2006). Atua como docente na Cátedra de Pintura Mural, da Fac. de Belas Artes da UNLP, desde 1996.
No campo da arte infantil, ilustrou livros para diversas editoras na Argentina. Ilustrou um guia de ofídios de Buenos Aires (2000) e sua obra “Te cubrirá con su sombra”, foi o selo de Natal de 2001 do Correio Argentino. Como vitralista, realizou no Centre de Vidre de Barcelona o curso “Novas Técnicas aplicadas à Vidraçaria Contemporânea” (2002). Também leciona na Tecnicatura Superior em Vitrais, do Instituto Superior Catedral, desde 2001. Realiza trabalhos de Desenho de vitral, como os 15 vitrais para o espaço ecumênico Tir Na Nog. Integrou o grupo de arte en vidro “Asterisco Atelier“, com o qual realiza, em 2004, a obra “São Jorge e o Dragão”.


Contato
Tel.: (0054)-221-4732996 (Argentina)
e-mail










Feeling...


Sempre que te vejo,
desperto o onírico. Revejo.
Celebro o sonho, verdes prados líricos,
delicadeza de ser amado,
sutil poética da leveza...

Asas flutuam,
pousam etéreas superfícies,
se iluminam...de matizes.
E no espelho, brilhos antigos
remoçam, refratam toda a pele
que delicada acorda e boceja.

Me aconselham:
Amor trocado tece.
Se reconhecem...


Gaiô

 








Martín La Spina










Só intuir, perceber.



Nem precisa entender
Só intuir, perceber.
Recriar universo interior,
paisagens etéreas,
retratos viajantes
escalam via láctea só dele,
mergulho no instante.Paira.

Por efêmero que seja,
gritam feito loucos
acordando caminhos, que eu saiba,
nunca feitos pelos outros.

Desperta! Recria! Renova!
Brilha chama que ilumina, baila,
buraco negro de sombras,
longínquas luzes disfarçadas
do que foi...

Orgásticas horas felizes,
ingênua pobreza amparada
iludida, o habitava.
Vida tão querida...
Nem precisa entender.
Só intuir, perceber...


Gaiô

Martín La Spina







SurReal ?


Se assemelha ao esquisito, surreal
bonito universo contido do que hoje é meu.
E por aí vai...vamos...também o teu.
Estranho, navega o livre formato do que já nasce feito,
à dúvida e à loucura tem direito.
Sonhos absurdos que veem à distância,
realidade tanta urge, reinventar o humano.

À mesa se unem silêncios,
celebram real comunhão
No desiludido chão-solidão.

Na sala, decorada de ilusão, se eleva, escala caules,
galhos paredes de braços abertos, pousam aves,
assistem televisão...zonzos ruídos da comunicação
Cala...

Abajures iluminam quarto dependurado.
Se dorme, de estrela apagada, vazia,
perscruta saídas, nada normal,
viaja na cauda de sonhos que embalam
canção de ninar sussurrada, universal...

Dialoga com a alma das coisas,
desperta a magia, imaginação,
onde todos sonham o irreal
de amar fantasia. Poesia???

Com a chave do coração
abre o que silencia e acalma.
Devaneio.
Alça vôo...
na criação.


Gaiô

Martín La Spina











Doce Pauta.


Doces cerejas a pauta pontuam.
Vermelhinhas,
paralelas, cinco linhas
bem fininhas,
em varais que
só se buscam,
não se encontram.

Mínimas, semínimas,
Se olham , se enamoram
em delicada fantasia.
Semifusas, fusas,
piscam pra clave de Fá,
se iluminam com o Sol,
compondo com o bemol.

Sintonia de alma fina,
canta suave a melodia,
encantada de poesia.
O perigo é escorregar!
Pode desafinar!
Ré, Si, Mi, Si, Fa...
La, li, ri, li, la, rá...

Gaiô

Martín La Spina









Só.


Só.
Quando se vê,
se foi...
Se vê só.
Como se surpreendido
no olhar fosse,
do que rola e sente,
pra si não mente.
E só...
se toca, tateia...
De estar,
o vazio vê.
Clareia...
Tudo se foi,
pra só ser,
como nunca fora,
Só...
Será?

Gaiô

Martín La Spina










As mãos.


Tantos olhos de ver...
De tudo que trago em mim.
Revisito o olhar, não me canso,
De o detalhar, no foco do essencial,
sensibilizar, as mãos tocar,
Juntas, vertem o coração.

Delicadas ou não, enrugadas,
desde sempre servem...
Vida abraçada, acarinhada,
de comer dá, ampara,
em beber se derrama...esperança.
Consola aflitos, corações aturdidos,
em toques de acolhimento e colo.
Gratas, celebram graças,
enxugam lágrimas,
por tudo que em bendição
recebem e doam,
Se machucam, desavisadas,
desastradas assumem, mesmo que doa.

Tempo em que se escrevia,
cartas, bilhetes, segredos
revelados de emoção.
Criativas mãos!
Tanta satisfação!...
Suavam, só de pensar,
falando de expectativas,
toda ansiedade em esperar...

Sustentam por longo tempo
toda a fidelidade,
prometida ao pé do altar,
plenas de felicidade.
Sagrado momento,
na aliança do casamento.
Trêmulas mãos,
amor testemunhado em grandeza,
especial desafio,
de conviver, renovar, recomeçar,
Toda a beleza...

Ressequidas, enrugadas,
trazem memórias,
quanta história!
Tantas vidas reunidas,
como agora, guardadas,
de amorosa convivência,
cuidados e experiência...
Sempre as uno em oração,
sensíveis ao coração,
junto a todas possíveis mãos...

Desde o tempo de minha avó,
avanço em sabedoria,
Seja de dor e alegria.
Juntando de unicidade,
de mãos dadas com a vida,
sendo ou não,
Poesia!


Gaiô