Jean-Baptiste Valadie







Jean-Baptiste Valadie

 

  

  

 

 

 

 


Poemetos



a) manhã
Ninguém ainda. As rosas me saúdam
e eu saúdo o silêncio
das rosas.

b) ausência
Aqui ninguém
e nuvens.

c) lua
Integralidade.
Fixidez.

e) narciso
A flor a água a face
a flor a água
a flor.

f) primavera
Da não-espera
acontecem as
flores.

g) lago
Tensão
fria
da água:  paz – em – ser.

h) espera
As janelas abertas.
A porta apenas encostada...

i) vaso
mas incomunicante.

j) fim
A ausência das rosas. O caminho
já sem ninguém, para o silêncio.



EZRA POUND

Poemas do livro “Lúdicos”


Jean-Baptiste Valadie

 

Jean-Baptiste Valadie

O artista não pinta seus sonhos, mas a realidade que pode ter sobre a tela. Ao fazer isso, transforma o seu próprio caminho; e se a criação for bem sucedida, toma a forma do seu ideal.
Jean-Baptiste Valadie nasceu em Brive-la-Gaillarde, em 1933. Desde os anos 50, quando era estudante de artes, buscava em seu trabalho cores mais brilhantes do que o cinza parisiense. E assim começa a carreira deste artista sensível. Logo completou sua paleta criativa, tornando-se, ao longo dos anos, um seguidor da gravura e litografia. Mais uma vez, comprova-se um perfeccionista, talentoso e completo no conhecimento, utilizando novas técnicas para aprofundar-se nos seus próprios prazeres da pintura.
   Junto com suas musas, VALADIE também é um grande paisagista, revelando uma enxurrada de tons quentes, mostrando harmonia em conjunto. Basta olhar para o seu "Veneza" azul para entender que ele pode reinventar uma cidade apenas com a iluminação sob uma nova sensibilidade. Jean-Baptiste Valadie continua suas criações, ainda estimulando pacientemente o caminho de seus desejos.


  
  

  

  

  

 

 

 



ALBA


Quando o rouxinol pra sua amada
Canta o dia todo e a madrugada
Com minha amiga deito de mãos dadas
Sob folhas,
Sobre flores,
Até que lá da torre o sentinela
Berra:


"De pé, malandro, Vai!
Que eu vejo a jovem
Luz
E a manhã já
Vem"



EZRA POUND


Ezra Pound nasceu nos Estados Unidos em 1885 e foi viver na Inglaterra a partir 1908. É considerado o grande responsável pela criação e divulgação da estética modernista da poesia no mundo todo. Na sua principal obra “Os Cantos”, podemos encontrar elementos da poesia chinesa e japonesa (haicai) além de elementos do trovadorismo. Foi criador do imagismo, movimento que pregava uma nova forma de criar poesia. Elas deveriam ter ênfase na clareza, sem excessos e nem rebuscamentos, dizendo o máximo possível com o mínimo de palavras.
Sua vida foi bastante agitada principalmente pelos seus protestos contra o modo de vida americano, pelas duras críticas à produção literária inglesa na época vitoriana e por uma simpatia ao fascismo italiano. Ao retornar aos Estados Unidos em 1945, foi preso acusado por propaganda fascista na Segunda Guerra Mundial, sendo apenas solto em 1946 quando foi declarado como doente mental e internado num hospital psiquiátrico em Washington. Após apelos de muitos intelectuais, Pound é liberado e passa a viver isoladamente em Veneza, na Itália, falecendo em 1972.
Aqui no Brasil, Pound foi dos grandes inspiradores de Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos para o surgimento da poesia concreta. Também vale destacar o seu grande trabalho como crítico literário e pensador tanto da poesia quanto da literatura. Ficou famoso por procurar integrar os poetas americanos com os escritores ingleses, chegando inclusive a incentivar e fomentar trabalhos de alguns como T.S Eliot, James Joyce, Yeats, entre tantos.
"Pound foi para a poesia deste século o que Einstein foi para a física"


Publicado no caderno “Idéias;/Livros”, Jornal do Brasil, em 20 de julho de 1996
 http://www.culturapara.art.br/opoema/ezrapound/ezrapound.htm

 

Jean-Baptiste Valadie

 

  

  

 

 

 




Podeis reconhecer um mau crítico porque ele começa por falar do poeta e não do poema.
Ezra Pound
 
Os homens só podem compreender um livro profundo, depois de terem vivido pelo menos, uma parte daquilo que ele contém.
Ezra Pound

Toda a arte começa na insatisfação física (ou na tortura) da solidão e da parcialidade.
Ezra Pound

A grande literatura é apenas uma linguagem carregada de sentido até ao mais elevado grau possível.
Ezra Pound

O ideograma chinês não tenta ser a imagem de um som ou um signo escrito que relembre um som, mas é ainda o desenho de uma coisa.
Ezra Pound


Jean-Baptiste Valadie

 

  

  
  
 

 


A ILHA LACUSTRE



Ó Deus, Ó Vênus, Mercúrio, senhor dos ladrões,
Me dêem na hora certa, eu imploro, uma pequena tabacaria
Com as caixinhas brilhantes
empilhadas com capricho nas prateleiras
E o cavendish de suave fragrância
o tabaco picado,
E o brilhante Virginia
avulso nas vitrines brilhantes,
E duas balanças sem muita gordura,
E as putas que chegam pra dois dedos de conversa, de passagem,
Pra jogar conversa fora, e dar um jeito no cabelo.
Ó Deus, Ó Vênus, Mercúrio, senhor dos ladrões,
Me emprestem uma pequena tabacaria,
ou me ponham em qualquer profissão
Salvo esta maldita de escrever,
onde é preciso ter miolos todo o tempo



EZRA POUND


Jean-Baptiste Valadie

 

  

  

  



 

 


 
N.Y.



Minha cidade, minha amada, minha branca!
         Ah, esbelta,
Ouça! Ouça-me, vou soprar uma alma dentro de ti.
Delicadamente pela flauta, atenta-me!


Agora sei que sou louco,
Porque há aqui um milhão de pessoas na fúria do tráfego;
Isso não é donzela.
Nem eu poderia tocar uma flauta se a tivesse.


Minha cidade, minha amada,
És uma donzela sem seios,
És esbelta como uma flauta de prata.
Ouça, atente-me!
E eu soprarei uma alma dentro de ti,
E viverás para sempre.



EZRA POUND



Jean-Baptiste Valadie

 

  

  

  

  

  

 


O SOBRADO



Vem, apiedemo-nos daqueles que estão melhor que nós.
Vem amiga minha, e recorda
·... que os ricos têm mordomos e não amigos,
E nós temos amigos e não mordomos.
Vem, apiedemo-nos de casados e solteiros.


A aurora entra com seus pezinhos
·... como uma dourada Pavlova
E estou próximo ao meu desejo.
Não há coisa melhor no mundo
Que essa hora de claro frescor
·... a hora de despertarmos juntos.



EZRA POUND
Tradução Lauro J.M. Marques