Mijn Schatje





"Morrer é uma arte, como tudo o mais.

Que eu pratico surpreendentemente bem. "



"Eu fecho meus olhos e o mundo inteiro morre

subitamente; eu abro meu olhos e tudo nasce

novamente."




“Acho que te criei no interior da minha

mente.”


"Devem existir algumas poucas coisas que um

bom banho quente não cure, mas eu não

conheço muitas delas."


“Dentro de mim mora um grito.
De noite, ele sai com suas garras, à caça
De algo para amar."




Sylvia Plat





Mijn Schatje









Talvez eu nunca seja feliz, mas esta noite estou contente. nada além de uma casa vazia, o morno e vago cansaço após um dia ao sol plantando estolhos de morango, um doce copo de leite frio e um prato raso de mirtilos cobertos com creme. agora sei como as pessoas conseguem viver sem livros, sem faculdade. quando a gente chega ao final do dia tão cansada precisa dormir, e ao amanhecer haverá mais morangos para plantar, e vai-se vivendo em contato com a terra. em momentos assim me consideraria uma tola se pedisse mais...

Sylvia Plath



Mijn Schatje












OUTONO DE RÃ

O verão envelhece, mãe impiedosa.
Os insetos vão escassos, esquálidos.
Em nossos lares palustres nós apenas
Coaxamos e definhamos.

As manhas se dissipam em sonolência.
O sol brilha pachorrento
Entre caniços ocos. As moscas não chegam a nós.
O charco nos repugna.

A geada cobre até aranhas. Obviamente
O deus da plenitude
Está morando longe daqui. Nosso povo rareia
Lamentavelmente.

Sylvia Plath

(tradução de Jorge Wanderley)


Mijn Schatje










Contusão



A cor invade o lugar, púrpura baça.
O resto do corpo está todo pálido,
Cor de pérola.

Numa fenda de rocha
O mar suga obsessivamente,

Uma cavidade o âmago de todo o mar.

Do tamanho de uma mosca,
A marca do destino
Rasteja muro abaixo.

O coração se fecha.
O mar reflui,
Os espelhos são cobertos.



Sylvia Plath


Mijn Schatje










OS MANEQUINS DE MUNIQUE


A perfeição é horrível, ela não pode ter filhos.
Fria como o hálito da neve, ela tapa o útero
Onde os teixos inflam como hidras,
A árvore da vida e a árvore da vida.
Desprendendo suas luas, mês após mês,
sem nenhum objetivo.
O jorro de sangue é o jorro do amor,
O sacrifício absoluto.
Quer dizer: mais nenhum ídolo, só eu
Eu e você.
Assim, com sua beleza sulfúrica, com seus
sorrisos

Esses manequins se inclinam esta noite
Em Munique, necrotério entre Roma e Paris,
Nus e carecas em seus casacos de pele,
Pirulitos de laranja com hastes de prata
Insuportáveis, sem cérebro.
A neve pinga seus pedaços de escuridão.
Ninguém por perto. Nos hotéis
Mãos vão abrir portas e deixar
Sapatos no chão para uma mão de graxa
Onde dedos largos vão entrar amanhã.
Ah, essas domésticas janelas,
As rendinhas de bebê, as folhas verdes de confeito,
Os alemães dormindo, espessos, no seu insondável desprezo.
E nos ganchos, os telefones pretos
Cintilando
Cintilando e digerindo
A mudez. A neve não tem voz.


Sylvia Plath