Karol Bak
Mensageira
vem
quebra o silêncio do espaço
que me envolve em ondas de tédio
onde meus sonhos rasgados se contorcem
vem
habitada flor perfumada
cor seiva pétala fruto
pousar suavemente
neste espaço desnudado
vem
fonte de amor
dar riso ao sol
criar rios de luar
onde me aqueço e banho
vem assim simples
sem véus de cristal
regar meu corpo vagabundo
António Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
As minhas mãos
As minhas mãos afagam a doçura
e estendem-se gentis e tranquilas
pelas horas infindáveis
de muitas coisas passadas
em anos vividos
abraçados num destino
que transporta consigo
pedaços de uma vida
As minhas mãos afagam a doçura
e trazem novos afagos de lua cheia
buscando ansiosas e aflitas
o conforto de uma pele macia
de tanto prazer abraçado
e de tanta delícia sentida
António Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
Noite mágica
Nesta noite mágica
em que persisto silenciosamente
a lucidez se excede e se espreguiça
na distância que nos abraça
Invento-te nesta ausência magoada
pássaro cortando a minha boca
ainda imaginada do teu sabor
Viajo no escuro insustentável
das palavras íntimas e lisas
que o corpo adoça e sustenta
Nesta noite húmida de ti
ficam as palavras sonhadas
neste caminho de eterno retorno
à luz etérea do desejo nocturno
Fogueira de Silêncio
Cais sobre o meu corpo
e eu dispo-me de toda a ansiedade
onde a forma e a transparência dos afectos
se espreguiçam neste deserto que sabe a desejo
preparo o leito onde repouso
não há tempo nem distância
para a tua chegada serena
que me cobre e me protege
como brisa que traz até mim
o aroma de um tempo renovado
depois de me sobrevoares
deixa o eco da tua voz percorrer
o mutismo desta fogueira de silêncio
Antonio Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
Há dias assim
Há dias assim
cinzentos de sol
a amarelecerem as folhas da melancolia
Há dias assim
com sorrisos imóveis
quando tombam os ramos da noite
Há dias assim
onde o instante quebra
a aliança entre o homem e as coisas
E nesta sucessão dos dias
deslizo como uma gota sem contactos
que abro entre formas cegas que me ignoram
Antonio Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
Promessa
canto silêncios e imagens
neste dia inventado por ti
onde as palavras se despem do tempo
com os silêncios construo
a neblina das manhãs despidas
e o orvalho das noites sem abrigo
com as imagens adorno
a solidão do tempo
onde se estende o teu vulto imaginado
no espasmo de uma promessa
fica a doçura original
da minha própria manhã
António Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
Perco-me e encontro-me
Perco-me e encontro-me
em cada instante nomeado
quando as palavras se tornam mudas
invertendo o silêncio da luz
que me saciam de mistério
e teimam em me pertencer
Eu me perco de silêncio
eu me encontro de esplendor
António Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
O teu silêncio cresce
O teu silêncio cresce
e o que resta são murmúrios de ausência
neste espaço que se veste de mágoa
depois de te conhecer
inventei uma nova natureza
para o silêncio das minhas águas
natureza mar
que prolongas as margens do olhar
e banha o areal do meu corpo
natureza rio
que faz o seu leito entre os teus seios
e se estende no estuário da vida
natureza barco
que navega pelas noites de luar
sulcando a magia do invisível
inventada a natureza em que me apoio
abraço-a com mãos de medo
António Sem
Marcadores:
António Sem
Karol Bak
Adornos
o meu quarto é mudo
e não tem adornos
apenas um lençol branco
no chão
absorvo o mutismo
deito-me
e continuo com frio
o meu quarto é mudo
e não tem adornos
apenas um lençol branco
no chão
absorvo o mutismo
deito-me
e continuo com frio
António Sem
Marcadores:
António Sem
Assinar:
Postagens (Atom)