Arte e Poesia do Rio Grande do Norte





INCIDÊNCIA
Para Eli Celso


Um sol de sal
tão vertical
sobre meus dias.
...


Myriam Coeli

Dedico esta página à cultura do Rio Grande do Norte,
seus ilustres artistas plásticos e grande poeta Myriam Coeli.


Myriam Coeli

Myriam Coeli de Araújo Dantas da Silveira nasceu em
19 de novembro de 1926 , em Manaus-Amazonas, mas
o registro a fez nascida no Acre. Com dois meses de nascida
veio para São José de Mipibu – Rio Grande do Norte.
Primeira jornalista profissional do Rio Grande do Norte,
integrou as redações do Diário de Natal, Tribuna do
Nordeste e a República, primeira também a obter
especialização no seu ofício, tinham diploma de jornalista
pela Escola Oficial de Jornalismo de Madrid, como bolsista
classificada pelo Instituto de Cultura Hispânica, na Espanha.
Como intelectual, ganhou os seguintes prêmios: Othoniel Menezes
(poesia), 1980 promovido pela Prefeitura de Natal-RN, com o livro
"Cantigas de amigo", edição Clima; Fundação José Augusto (poesia),
1981 com o livro "Inventário", e outra vez o Othoniel Menezes (poesia),
1981 com o livro "Catarse".
Também foi a primeira mulher no Brasil a falar em semiótica,
a estudar Ciências Políticas a convite do governo francês em Sorbonne.
Era apaixonada por Federico García Lorca, amiga de vários
Prêmios Nobel de Literatura, poliglota, escrevia em português
dos menestréis, de forma perfeita e parecia que se transportava
aos versos das cantigas de amigo e amor.
Antes publicara "Imagem Virtual" (Imprensa oficial, 1961)
pela Coleção Jorge Fernandes, de parceria com o marido e
escritor Celso Silveira.
Myrian Coeli, faleceu em 21 de fevereiro de 1982.

Cristiana Coeli Silveira Goldie
***

Arte e Poesia do Rio Grande do Norte (Demétrius Coelho)






Neste engano que é o tempo
Eu caminho. Eu me colho.
Meu trovar, travo, recolho.

Ferida viva eu me agüento.



Neste desdouro eu me encontro
E teço minha parábola
Em tear de silêncio e sôbola

Que, tecendo em nu, confronto.



Com que sem ser, poderia.
Assim caminho, assim canto.
Amor, pena que descanto

Que amante só ousaria.



Myriam Coeli

Arte e Poesia do Rio Grande do Norte


Iaperi Araújo

Dorian Gray Caldas

Newton Navarro

Diniz Grilo


Assis Marinho



Ciência gaia o amor com seus floretes
De segrel donaire. O pranto segue
O de rouxinóis que o peito aninha
Alçando o canto — aves em minaretes.


O amor com seus floretes, suas sedas
Acalenta e baila este meu vagar
E o coração alerta — flanco e flama
Flamantes — adestrado por mãos ledas.


Com seus floretes de segrel donaire
Saudade luta com amarguras duras
(Há quanto tempo o lenço branco espera
Sinal de amigo, rendição donaire!).

E este meu ser ferido por vós, veja
Ungido, justo reino submetido
Ao vosso repouso, oh! Amigo em liça
De amor astuto e arguto. E eu vos seja.


Incalmo no peito mortal tropel
Voando suas paixão desavisada
Esses corcéis me esfolam, recusada
Se tardais, amigo, alçarei ao Céu.

Myriam Coeli