Arte e Poesia do Rio Grande do Norte (Demétrius Coelho)



Neste engano que é o tempo
Eu caminho. Eu me colho.
Meu trovar, travo, recolho.
Ferida viva eu me agüento.
Neste desdouro eu me encontro
E teço minha parábola
Em tear de silêncio e sôbola
Que, tecendo em nu, confronto.
Com que sem ser, poderia.
Assim caminho, assim canto.
Amor, pena que descanto
Que amante só ousaria.
Myriam Coeli
Arte e Poesia do Rio Grande do Norte
Iaperi Araújo



Ciência gaia o amor com seus floretes
De segrel donaire. O pranto segue
O de rouxinóis que o peito aninha
Alçando o canto — aves em minaretes.
Acalenta e baila este meu vagar
E o coração alerta — flanco e flama
Flamantes — adestrado por mãos ledas.
Saudade luta com amarguras duras
(Há quanto tempo o lenço branco espera
Sinal de amigo, rendição donaire!).
Ungido, justo reino submetido
Ao vosso repouso, oh! Amigo em liça
De amor astuto e arguto. E eu vos seja.
Incalmo no peito mortal tropel
Voando suas paixão desavisada
Esses corcéis me esfolam, recusada
Se tardais, amigo, alçarei ao Céu.