Madeline von Foerster




A boca calada.

A respiração cavando silêncios.
As mãos a pesarem
tanto que exilei os gestos
rentes ao coração.
Poiso a cabeça sobre a mão direita
e penso:
para o encontrar de novo
recomeçaria tudo outra vez,
andaria todos os caminhos,
arriscaria a minha vida.
Hora após hora,
ele regressa ao meu pensamento,
e vem do lugar de todas as ausências,
e tem nos braços a mesma curva
onde os pássaros iniciam
o primeiro voo.
Pedir-lhe-ia, agora,
que só uma vez me dissesse:
bebe a minha sede

***Graça Pires

Nenhum comentário: