Philip Jackson




BAILARINO
Oswaldo Antônio Begiato

Minha mãe tinha uma caixinha de música
onde uma pequenina bailarina cor-de-rosa
feita de porcelana frágil,
cabelos presos na cabeça
e usando sapatilhas transparentes,
enquanto tocava Brahms Lullaby,
dançava,
dançava,
dançava...
...diante de um espelho que a multiplicava.


Eu menino,
com olhos de bailarino
feito com uma alma frágil,
com a cabeça na lua
e os pés nas nuvens,
olhava,
olhava,
olhava ...
...aquela ternura encantadora que me dividia.

Embriagado por sonhos apaixonantes
não percebia o tempo passar
por entre o bailar da bailarina que não crescia
e o bater de meu coração inocente que amadurecia.

Encantado, fiquei cronicamente doente de amor;
e até hoje tentam me curar essa doença,
essa doce e meiga doença.


Mas eu não quero ficar curado.

Oswaldo Antônio Begiato

Nenhum comentário: