






Cegueira de Pele
Há de fechar os olhos
e nos ver
a clareza do táctil numinoso.
Há de cerrar pálpebras
e se entregar
a ondas frêmitas de ardor inconfesso.
Olhos fechados
poesia em cílios
desejo alquebrado,
cego
por volúpias de ondas
intumescidas de sangue
em profusão.
Escuridão luminosa
em ponto incandescente
olhos não mais vêem
sentem o estopim da ardência
pele com pele, atrito de essência.
Vendados, olhos abertos
entregues, ora fechados
marejam lágrimas
de ter sido nós
em cegueira translúcida de paixão.
O Pôr-de-Nós.
Ana Paula Perissé
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