Gozo e dor
Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
Não. Ai não; falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.
Dói-me alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida ou a razão.
Almeida Garrett
Um comentário:
Amiga Fada que adoro. Amo esta arte tão sensual de Brita Seifert, que beleza que não canso de ver e rever. Estes versos de Almeifa Garret entraram na alma de tão densos e belos. Seu blog é 1000. Venho todos os dias aqui e a cada dia admiro e amo este lugar.
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