Eu vivo, eu morro; no fogo eu me afogo.
No calor sinto o frio que me perfura;
A vida é muito mole e muito dura.
Sinto fastios e alegrias logo.
Jorrando as lágrimas, o riso eu jogo,
E com prazer sofro muita amargura;
Meu bem se vai, mas eterno perdura;
Vicejo assim que me resseca o fogo.
Assim amor volúvel faz comigo;
E quando penso estar mais dolorida,
Sem mais pensar me vejo sem castigo.
Se penso estar feliz e sem perigo,
E estar bem no auge da sorte querida,
Ele me faz novamente sofrida.
Louise Labé
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