Anne Bachelier







Soneto VIII


Eu vivo, eu morro; no fogo eu me afogo.
No calor sinto o frio que me perfura;
A vida é muito mole e muito dura.
Sinto fastios e alegrias logo.

Jorrando as lágrimas, o riso eu jogo,
E com prazer sofro muita amargura;
Meu bem se vai, mas eterno perdura;
Vicejo assim que me resseca o fogo.

Assim amor volúvel faz comigo;
E quando penso estar mais dolorida,
Sem mais pensar me vejo sem castigo.

Se penso estar feliz e sem perigo,

E estar bem no auge da sorte querida,
Ele me faz novamente sofrida.


Louise Labé

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