Fica a terra, passa o arado,
mas o homem se desgasta;
sangra o campo, pasce o gado,
brota o vento de outro lado
e a semente também brota.
e o trabalho é o que nos passa,
como nome, como herança;
fica a terra, a noite passa.
mas a terra se desgasta.
sobre a terra que vergasta?
Sangra a terra, pasce o gado
e o trabalho é o que nos passa.
a semente é como espada.
Há uma noite que nos gera
quando a noite é dissipada.
vem a noite, é madrugada.
sopro misturado
ao sopro rijo do arado.
Vai cavando.
como um corpo se entreabre
para o orvalho e para o trigo.
vai cavando a madrugada.
3 comentários:
Belíssimo....
Avassalador!
Agradeço ao artista Alberto Pancorbo que gentilmente autorizou a postagem de sua arte neste espaço. Sua página está bela e significativa. Sua arte nos emocionou.
Agradeço a oportunidade de ter as poesias de Carlos Nejar para nosso deleite, adorei postá-las. E a todos os amigos que participaram o meu sincero agradecimento. Volte sempre, que aqui tudo é feito com carinho para você.
Beijos da Fada do Mar Suave.
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