Fidel Garcia





Soneto a duas mãos 



A mão que me sustenta e eu sustento 
é mão capaz das vinte e cinco linhas 
e do selado azul de um requerimento 
ou doutras diligências comesinhas...

Habituada por secretarias, 
esperta, decidiu de um grave acento, 
a vírgulas guindou torpes cedilhas 
e mastigou papel, seu alimento... 

Contraiu calos, revoltou-se às vezes, 
contra certos despachos, tão soezes 
que até o dedo auricular se ria... 

Com dois dedos de aumento se curvava 
e logo, altiva, à esquerda se mostrava... 
Agora? 

Estão as duas na poesia...


Alexandre O'Neill

3 comentários:

Grêmio - IMORTAL sempre disse...

Fantástico!

Lilás disse...

Sensibilidade Pura!

Fada do Mar Suave disse...

A todos os amigos que aqui passaram, o meu agradecimento e o meu desejo de tê-los sempre perto, deixando suas mensagens, para que a cada dia, este espaço fique mais belo e suave.

Com amor da Fada do Mar Suave.