Richard S. Johnson
Desejo
As coisas que não conseguem morrer 
Só por isso são chamadas eternas. 
As estrelas, dolorosas lanternas 
Que não sabem o que é deixar de ser. 
Ó força incognoscível que governas 
O meu querer, como o meu não-querer. 
Quisera estar entre as simples luzernas 
Que morrem no primeiro entardecer. 
Ser deus — e não as coisas mais ditosas 
Quanto mais breves, como são as rosas 
É não sonhar, é nada mais obter. 
Ó alegria dourada de o não ser 
Entre as coisas que são, e as nebulosas, 
Que não conseguiu dormir nem morrer.
Cassiano Ricardo
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