Willem Haenraets
SAUDADES 
Saudades! Sim... talvez... e porque não?...  
Se o nosso sonho foi tão alto e forte  
Que bem pensara vê-lo até à morte  
Deslumbrar-me de luz o coração! 
Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!  
Que tudo isso, Amor nos não importe.  
Se ele deixou beleza que conforte  
Deve-nos ser sagrado como o pão. 
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,  
Para mais doidamente me lembrar 
Mais doidamente me lembrar de ti!  
E quem dera que fosse sempre assim:  
Quanto menos quisesse recordar 
Mais a saudade andasse presa a mim! 
Florbela Espanca
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