Carla Bedini




Dobras do Cotidiano


Ana Perissé*


Não deixar a vida perder-se
silenciosamente
no espectro de seu inverso;
porque poucos o traduzem
ou têm coragem para gritar o indizível.

Clamor em ondas de silêncio
do inaudito,

frio

ou mequetrefe,
que se revelem!

O oposto do belo
é a beleza crua
a se desvelar
na crueza das dobras do cotidiano.

Pelo gargalo
ou pelo ralo
ainda há pulsação
autêntica.

Pela estética do que difere
ou que também

e ainda
fere!


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