"Se minha poesia vibrar para um girassol tão único e solitário valerá minha jornada cujo propósito desconheço tudo é o oculto que me move"

Ana Paula Perissé*


Gustav Klimt


vale um olhar
sem direção certa
acima do corpo
que jaz em quietude
no silêncio daquilo que só
desconheço
no sofrimento de querer
parar o tempo?

vale cindir-se em lágrimas
soluçar
arfar sem ar
salgada face
ressequida de almas
em disparate com vida
que escolhemos
viver?

vale a sombra que me devora
enquanto escrevo
sem alívio
metáforas nonsense
em impulsos
vícios que devora
vontades ?

(Dependência insana do absurdo que me esvai)

Construo castelos de areia ou flores varridas até para meu túmulo.

Ana Paula Perissé*


Gustav Klimt

Gustav Klimt












"Que venham para teus sonhos e os transformem em indagações à angústia que irrompe cada leito. Resposta suave todavia terrível porque apenas, rastros... de poesia e imagens nocturnas. Ah! Sombras amadas..."

APP*


Gustav Klimt




Oceanicamente
Ana Paula Perissé*

Há mistérios que se desvelam
oceanicamente
apenas para dois
quando em conjunção
e em fragmentos de ondas
frêmitas
nuas de si
e para o vento,
unicamente.

Há deslizes de vagas
movimento impetuoso
de massas fluidas
impulsos sem nomes
que elevam superfícies
e afogam depressões em líquidos derramados
prenhes de fogo.

Há amor que se ama
oceanicamente
abarcando sem portos
ou enseadas
o indizível cingido
excedendo o sentido
do resvalado em atrito
muito, mudo e incontido.

Nó do mundo
em amor oceânico.



Gustav Klimt



Quando

Desfaço lençóis
na ânsia do começo
(sem fim)
ciclo que se refaz
em microscosmos
ecoando
( nossas células embriagadas)
feito esmeraldas
reluzentes
acima

Ardo
in-consciente
de tanto...
em lumiar presente
pulsação diferente
atrevimentos só nossos...
singular

E quando a porta se bate
com força
escancaram-se fechaduras
outrora de outros
mundos
em desalinho
harmônicos
de nosso encontro
i-real com a vida

aceno em descompasso
eterno retorno
do novo
que fazemos
a cada encontro
valer cada suspiro
vigíliaamorosa
(ah! nosso tempo, só nosso...)
ensandecida
de poros


Ana Paula Perissé*