Margarida Cepêda





As flores das 9 horas



Em degrade generosas
Atravessam tuas grades
Pronunciam-se nas frestas
Cantam alegres as manhãs

Flores das 9 horas
Sorriem felizes seus matizes
Neste instante, engrandecem
Vertem preces as infelizes

Do relógio da matriz
Mostram o rosto e faceiras
Encantam pobres passantes
Beligeram longe dali

Frágeis e singelas
Esperam pacientes
A hora de dormir
São flores de esquinas,
pequeninas engrandecem
e floriem para ti.




Kátia Torres Negrisoli








Margarida Cepêda






Vôo

Hoje irei de 'poetinha', alma leve, fluindo no ar.
Hoje nada de complicação, frases simples, frases feitas.
O mesmo lugar, o mesmo passado, os mesmos sentimentos.
As notas soltas, os laços, as luas, as nuvens...

Hoje irei de 'poetinha'!Copo na mão, amores e teores.
Mar, violão e paixão. Hoje!
Principalmente, hoje, deixarei os melodramas, as cintilantes
Descruzar os navios, encaixar no cais âmbar-citrino da flor da manhã.


Guardarei os pesados, os estalidos, as estridências, o entre - dentes,
o sobrancelho, as pestanas.
Abrirei os olhos enormes, os cílios cingidos de par em par.

Hoje sentirei esta paz, esta rede de deitar, o aroma cacau da delicadeza.
A certeza da beleza.
Hoje estarei Vinícius, poeta de bar em bar!



Kátia Torres Negrisoli

Professora/poeta

Adamantina : São Paulo : Brasil

Está participando Simpoesia 2009 em São Paulo

Http://www.simpoesia.wordpress.com



Margarida Cepêda






Alegria

Hoje a alegria em festa, beijo em testa, muita paz, muito ar, muita vida.
Hoje respeito dobrado, de vinte e cinco anos guardado, a hora chegou.
Demorou, concretizou!
Na imensa fome de gente, na imensa ternura.
No acentuado da singeleza um bem cuidado tornando às faces,
................
a liberdade.

Dia pleno, certeiro, alvissareiro, inesperado, nos óleos tropicais do teu olhar.
Na bagagem leve de se levar.
Na inutilidade do que há de no caminho de se deixar.

Embalando as friorentas, emprestando ao corpo às bocas sedentas,
do guardado especial, para dias de festa.
Somente tênis e camiseta. Somente.
Nada dos oficiais, dos vestidos de tafetá afetados.
Nada.

Tudo deixado.
O beijo levado para sempre.
No teus lábios de promessa.

Hoje, só hoje e para todo o amanhã.
Esta grandeza, este conquistado está, enormemente, trancado!



Kátia Torres Negrisoli




Margarida Cepêda







Justiça

Justiça!! O que é? O que será? Qual o parâmetro da tua vergonha? Qual o limite da verdade que te sonda? Justiça, imperfeita, maldita, estropiada pelas nossas dores, desavergonhada, em vãs favores.

Clamas por ela. Debate-tes em vão. Sai da janela. Arrisca-te ao portão.
A Justiça é de poucos, a justiça é de ninguém.
É história da carochinha, que te contaram pequenininha... pobre criança, acreditou e neste mundo se danou....

Justiça?! De quem?
Nasça novamente, construa outro mundo e participará do banquete provisionado ao que é de direito e ficou guardado.



Kátia Torres Negrisoli