Vicente Romero Redondo
AS SEREIAS
Navegar, navegar
pelos sete mares,
atravessar
montanhas de água,
florestas de água,
para encontrar
a pedra azul
onde dormem as sereias.
Roseana Murray
do livro O Mar e os Sonhos
Vicente Romero Redondo
Rangiam os incautos
os inocentes
os breves de espírito.
porque o tempo das coisas
ameaça nossa existência.
A acção que se dá
reaLIDADE coisa
é pessoal e intransferível.
Ave!
O verbo de faz
Sem aventura
Muita.
RANGERIA.
Ana Paula Perissé
Vicente Romero Redondo
Folha seca
No cair da tarde no início da noite
Peguei minha lágrima de saudade
Que caiu com uma folha ao vento
Corri atrás
Não alcançava
Apertei o passo
O vento e a folha seca também
Uma, duas, quatro e seis vezes.
Cansado...
Percebi que a saudade não se pega com as mãos
Lúcio Alves de Barros
Vicente Romero Redondo
Recado doce
Fada pequenina e encantada
De asas acetinadas,
Me faz um favor?
Leva um doce recado,
Diz para o meu amado,
Que hoje sofro de amor.
Paty Padilha
Vicente Romero Redondo
Volúpia
Gostaria de viver intensamente
Ter alguém que desejasse o licor de meus lábios
E a seiva das taças que carrego comigo
Desejo tanto, tanto que minhas lágrimas sejam sugadas
Absorvidas e por fim neutralizadas
E que cada dor se transforme em farinha de um pão que não irei comer
Como desejo me sentir mulher
Acariciada e sem qualquer pudor incontestavelmente amada
E descobrir enfim a vida que adormece dentro de mim
Sarah Aline
Vicente Romero Redondo
TEUS POEMAS
No coração o frio da tarde
O rubor corre nas veias
Coradas faces
Cegueira de amor
Poemas recebidos,
Lidos, tão lidos!
Pensados tidos.
Lindos poemas de amor.
Tão ausentes de mim!
Ysolda Cabral
Vicente Romero Redondo
Amanhece
Docemente anoitece
E a noite te tece
Doce semente
Sêmen que me apetece
Mente que me sente
Docemente me amanhece
Bernadette Moscareli
Vicente Romero Redondo
RENUNCIAÇÃO
Amor,
vim buscar
minha presença.
Minha amputada
e doída presença
porque
de tua ausência
longa, fria e pesada
eu desisti.
Vim, pois,
buscar a presença imolada
pelo teu proposital abandono.
Oswaldo Antônio Begiato
Vicente Romero Redondo
QUEM É A MULHER?
Qual o lado certo?
O perfeito, o mal feito,
o perfil desfeito,
talvez o incerto...
O lado abstrato,
absurdo, abusado,
da fêmea desembestada,
de alma incompreendida,
mente perturbada...
repleta de confusões,
maluquices, ilusões.
Uma ponte aérea
entre o real e o imaginário...
Marcia Mattoso
Vicente Romero Redondo
Beleza!
Será que já fui bela!
Estou ficando velha.
Preciso me acostumar.
Uma nova vida começar.
Ver beleza sem ser bela!
Só espero ser serena.
Ser feliz e aceitar.
Tudo tem uma recompensa.
A Velhice vou esperar.
Betty Viotto
Vicente Romero Redondo
Vicente
Romero Redondo
Vicente
Romero Redondo nasceu em Madri em 1956, o mais velho de quatro filhos. Durante
sua infância, costumava manifestar seus dotes em esboços e caricaturas de
colegas e professores das escolas onde estudava. Por conta do trabalho de seu
pai, morou em diferentes cidades por toda a Espanha. A família retornou a Madri
quando tinha 15 anos e começou a estudar na prestigiosa Faculdade de Artes
Plásticas de San Fernando, alma mater de Salvador Dali. Redondo começou com
escultura, mas logo passou à pintura, graduando-se com honras em 1982. Depois
de passar alguns anos pintando nas ruas, fazendo retratos em pastel nos
vilarejos ao longo da costa espanhola, assim como em Tenerife, Malloca e Ibiza,
estabeleceu-se em 1987 com sua esposa em Costa Brava, atraído pela luminosidade
da região. Lá, aperfeiçoou seu estilo individual, convertendo situações íntimas
de vida no leitmotif de sua arte.
Gosto de pensar, sentir...
Gosto de pensar, sentir
que cores a mim trouxeram
o contemplar do existir
Vivido até aqui...
De branco movimento me vesti
me pintaram a luz e a escuridão
vertendo sonhos, temores
da mais funda superfície
de olhares, percepções,
legado e destinação.
Furta-cores delicados,
consciência, liberdade
de fluir no indefinido,
Onde reflete e arde
a chama do ilimitado limite....
Vibrações de amalgamado barro,
de insustentável leveza
densa, intensa substância
se fazem SER.
Gosto de aí ficar:
Pensar, sentir, contemplar...
A ARTE de VIVER.
Gaiô
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