Clive Arrowsmith.


Elerê

Eis que chega a noite linda a filtrar-te em seus fios...
Chega mansa, sorrateira, enovela os cabelos, traz a mancha do outro dia.
Esparge em sons difusos, notas, pedidos e entremeios.
Recorta teus lábios, cai-te à testa, ensombrece, enriquece.

Tranqüila, de olhar sombrio, avança de primeira, em instantes: altaneira.
Pontilhada de agulhas, são as farpas do derradeiro, é festa agora, chega ligeiro!
Toma teu assento, busca, no firmamento, a resposta da perene pergunta.

Enobrece teu instinto, dá vazão; enternece-te, então... é noite...
Mais uma, gentil, cumprimentando em seu semblante, fazendo versos...
É o poeta errante... é a música certeira, são seus passos acobreados...
Um deixar-se de se perder, em breus, metades, partes.

Olha bem! O fulgor tange, os brilhos clamam... é a noite do meu bem!

Kátia Torres Negrisoli

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