Soledad Fernández







FOLIAS METAFÍSICAS

à flor da língua


uma palavra não é uma flor
uma flor é seu perfume e seu emblema
o signo convertido em coisa-imã
imanência em flor: inflorescência
uma flor é uma flor é uma flor
(de onde talvez decorra
o prestígio poético das flores
com seus latins latifoliados
na boca do botânico amador)
a palavra, não: é só florilégio
ficção pura, crime contra a natura
por exemplo, a palavra amor


Geraldo Carneiro

Geraldo Carneiro nasceu em Belo Horizonte, 11 de junho de 1952. É poeta, letrista e roteirista brasileiro. Reside no Rio de Janeiro desde 1955. Geraldo Carneiro ficou conhecido como compositor desde o final dos anos 60, por suas parcerias com o compositor Eduardo Souto Neto, que foram gravadas por diversos intérpretes, dentre as quais a canção “Choro de Nada”, gravada por Vinicius de Moraes e Toquinho, e por Antonio Carlos Jobim e Miúcha.
Como poeta, participou ativamente da geração de poetas da chamada “poesia marginal” (da qual sempre se considerou marginal), tendo estreado em livro quando ainda estudante de Letras na PUC-RJ, em 1974, ao lado dos poetas Cacaso, Francisco Alvim, João Carlos Pádua e Roberto Schwarz, pela coleção Frenesi, à qual o poeta deu nome, inspirado num filme de Hitchcock. Publicou posteriormente os livros Verão Vagabundo, Piquenique em Xanadu, Folias Metafísicas, Por Mares Nunca Dantes, Lira dos Cinquent’anos e Balada do Impostor.
Publicou os livros de prosa Vinicius de Moraes: a Fala da Paixão e Leblon: a Crônica dos Anos Loucos.
Traduziu sonetos de William Shakespeare, na coletânea Sonhos da Insônia.
Na música, foi parceiro de Egberto Gismonti, Astor Piazzolla, Francis Hime, Wagner Tiso, John Neschling, Nando Carneiro e outros compositores, cujas músicas foram gravadas por diversos intérpretes importantes dentro da música brasileira.
Para o teatro escreveu Lola Moreno, parceria com Bráulio Pedroso,Folias do Coração e Apenas Bons Amigos, parceria com Miguel Falabella, Divina Increnca e a Iluminada.
Traduziu A Tempestade, de W. Shakespeare, adaptou Como Gostais, além de Lúcia McCartney, de Rubem Fonseca 1987, Lulu, de Frank Wedekind  e As 1001 Noites. Do mesmo Shakespeare, traduziu ainda Antonio e Cleópatra e Trabalhos de Amor Perdidos.
Como roteirista, escreveu Sônia: Morta & Viva, de Sérgio Waissman, Eternamente Pagu (em parceria com Márcia de Almeida), O Judeu (em parceria com Millor Fernandes). Para a TV, adaptou diversas obras literárias para a série Brasil Especial (entre as quais O Santo que não acreditava em Deus, depois refilmada por Cacá Diegues como Deus é Brasileiro, A Desinibida do Grajaú, Lúcia McCartney e O Compadre de Ogum), escreveu as minisséries Tudo em Cima e O Sorriso do Lagarto.
Participou da criação do programa Tamanho Família e da série Você Decide, da qual foi supervisor de texto. Escreve a série para TV Faça sua História em parceria com João Ubaldo Ribeiro.


 

Um comentário:

Lilás disse...

Naturalmente sofisticado, naturalmente chique. Quem sabe, sabe e faz. Parabéns!