Cristiane Campos







Nessa casona, hoje, um homem espera a Morte.
Eu. Nem homem sou.
Sou é um des-homem,
de punhos atados,
de dentes cerrados,
de pernas peadas,
aos pés do Senhor!
Quanta coisa boa!
Mas devo respeitar o espaço, e só tenho tempo de falar de Emilinha,
uma gostosura de poema e de figura:
Emilinha não era desse mundo.
Ou era, demais da conta.
Safada de nascença.
Nela havia o sumo de dez,
de cem mulheres
muito fêmeas.
Tanto que extravasava,
sopitava em cheiros e barbas.
Suspiros e choros.
Era uma força viva,
selvagem como esses bichos silvestres.
Emilinha me fez homem
como jamais fui antes nem depois.
parecia até feitiço.
Eu e ela inesgotáveis...
Vi por fim,
me convenci,
de que Lea me vencia,
me amofinava.

Era mulher demais para um homem só.
Eu não podia com a mulinha!



DARCY RIBEIRO

2 comentários:

Alminha Iluminada disse...

Lindo e profundo!!!

Fada do Mar Suave disse...

Agradeço a artista Cristiane Campos por compartilhar sua arte com este Blog, trazendo seu brilho a este espaço para a alegria de nossos visitantes.
A todos que passaram por aqui e deixaram sua mensagem agradeço de coração e voltem sempre, pois tudo é feito com carinho para vocês.
Um abraço da Fada do Mar Suave.