Melissa Haslam






Eu luminoso não sou


Eu luminoso não sou. Nem sei que haja
Um poço mais remoto, e habitado
De cegas criaturas, de histórias e assombros.
Se, no fundo poço, que é o mundo
Secreto e intratável das águas interiores,
Uma roda de céu ondulando se alarga,
Digamos que é o mar: como o rápido canto
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,
E as cobras-d'água dobram rugas no céu,
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.


Jose Saramago

Um comentário:

Arlete Felfeli disse...

Que lindo!
Nossa! Que texto maravilhoso !!!
Parabéns pelo Novo Blog, querida FADA!
Já era hora de ter um BLOG seu, né? Rs,rs,rs...
Beijossss Coloridos
BYE
Arlete