


Insone
Noite feia. Estou só. Do meu leito no abrigo
cai a luz amarela e doentia do luar;
tediosa os olhos fecho, a ver, se assim consigo,
por momentos sequer o sono conciliar.
Da janela transponho o entreaberto postigo
entra um perfume humano impelido pelo ar...
"És tu meu casto Amor? és tu meu doce amigo,
que a minha solidão agora vens povoar?
A insônia me alucina; ando num passo incerto:
"és tu que vens... és tu!- Reconheço este odor..."
Corro à porta, escancaro-a: acho a Treva e o Deserto.
E este aroma que é teu, aspirando, suponho
que a essência da tua alma, ó meu divino amor!
para mim se exalou no transporte de um sonho.
Gilka Machado
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