Rudolf Hausner







Alma Azul



Pequenino ele me olha com olhos de águia
Sinto que vai lá dentro de minha alma triste
Pega alguma coisa que me incomoda
E traz para minha frente o medo do dia e o pavor da noite

Pequenino ele me olha profundamente
Pergunta pela mãe o que há de comer
Lá vai eu de novo sofrendo com as dores de minha alma pálida
E aliviado, por ora, observo-lhe comer

Pequenino ele pede para se banhar
Olha com cara feia e bravo como a de um Leão
Carinhosamente a mãe o segue e penso na ingenuidade e na insegurança de uma criança
Minha alma fica cega, temente e marrom.


Pequenino ele me observa ao longe. Observa meus movimentos, minhas palavras e exageros
Pergunta à mãe onde vai dormir
Sinto minha alma insegura e amarelada
E penso naqueles que resolveram se responsabilizar por uma criança nesse mundo.

Pequenino ele dorme como um anjo
Observo sua respiração profunda e amaciada
Penso o que é a vida simples, acesa e apagada
Já não penso em mim, mas na alma azul e livre da criança que dorme segura e sossegada.



Lúcio Alves de Barros

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