Andrew Atroshenko



 

 

 

 


Chuvas e lágrimas


Ela caiu,
e, em meio às chuvas, veio com as lágrimas de pedra de Deus.
Misturou com o meu oceano de sentimentos
Inundou meus ouvidos
Abafou meu peito
Arrancou sofrimento
Enlouquecida, se derreteu entre as potentes e majestosas águas
Com a inocente enxurrada levou meu espírito
Minha alma de pedra se quebrou ante a chuva forte.
Ela levou tudo
Despencou a casa do meu coração
Invadiu os detalhes dos móveis do meu corpo
Sujou e cegou com lama meus olhos.
Beijou os meus pés e rapidamente sacudiu meu peito
A natureza não perdoa
O calor da chuva que cai
Toma o que foi sempre seu
Na terra enrugada ficaram as conseqüências: a angústia, o desespero, o medo.
Paulatinamente as águas vão baixando
Ainda caem calmos pingos de cansaço e, entre as lágrimas, vejo meus sonhos à deriva.

Lúcio Alves de Barros


Um comentário:

Cesário Biscuola disse...

Parabéns, Lucio Alves de Barros pela sua escrita, é magnífica a sua capacidade de transformar sentimentos em palavras! Linda arte de Andrew Astrohenko, embalada pelo sensual tango. Sempre volto, e é sempre uma agradável surpresa!