Ekaterina Abramova



 

  

  

  


no país no país no país onde os homens
são só até ao joelho
e o joelho é só até à ilharga
conto os meus dias tangerinas brancas
e vejo a noite Cadillac obsceno
a rondar os meus dias tangerinas brancas
para um passeio na estrada Cadillac obsceno

e no país no país e no país país
onde as lindas lindas raparigas são só até ao pescoço
e o pescoço que bom é só até ao artelho
ao passo que o artelho, de proporções mais nobres,
chega a atingir o cérebro e as flores da cabeça,
recordo os meus amores liames indestrutíveis
e vejo uma panóplia cidadã do mundo
a dormir nos meus braços liames indestrutíveis
para que eu escreva com ela, só até à ilharga,
a grande história do amor só até ao pescoço

e no país no país que engraçado no país
onde o poeta o poeta é só até à plume
e a
plume que bom é só até ao fantasma
ao passo que o fantasma - ora aí está -
não é outro senão a divina criança (prometida)
uso os meus olhos grandes bons abertos
e vejo a noite (on ne passe pas)

diz que grandeza de alma. Honestos porque.
Calafetagem por motivo de obras.
É relativamente queda de água
e já agora a muito não é de outra maneira
no país onde os homens são só até ao joelho
e o joelho que bom está tão barato



Mário Cesariny
discurso sobre a reabilitação do real quotidiano
manual de prestidigitação
assírio e alvim
1981

2 comentários:

Denise Campos disse...

Nossa, Mario Cesariny está me impressionando com suas palavras! Que grandeza de poeta, que maravilha!!!!!!!!!!!!!!!!!! Estou apaixonada por esta postagem. Amando Ekaterina Abramova que é suave, delicada em seus traços, cores, harmonia. Uma beleza seus trabalhos.
Dou meus parabéns para você, pelo bem que faz pelas artes e para nós visitantes.
Abraços

Anônimo disse...

MARAVILHOSO, QUERIDA FADA....AMEI!!!!!!!!!