Domenico Ghirlandaio




Natal


De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:
- Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
- Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
- Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
- Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: – É mentira!

Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava:
- Cruz credo! Cruz credo!

Brava
A arara a gritar começa:
- Mentira! Arara. Ora essa!

- Cristo nasceu! canta o galo.
- Aonde? pergunta o boi.
- Num estábulo! – o cavalo
Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:
- Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.

Vinícius de Moraes

3 comentários:

Kátia Torres disse...

Adoro este texto do Vinícius. Já trabalhei em muitos finais de ano, com turmas diferentes de alunos.

Feliz Natal, Fada querida!!!!

Alminha Iluminada disse...

Linda poesia! Vinícius uma beleza!

Fada do Mar Suave disse...

Queridos amigos

Mais um ano que termina. Guardo no coração todos aqueles que fizeram parte da minha vida e, de alguma forma, tocaram minha alma. Registrei em minha memória cada momento alegre, cada lágrima, cada emoção que faz parte da vida, gravados no livro de nossa existência. Se problemas são inevitáveis, desejo que em 2012 continue sobrando espaço em nossos corações para a esperança, novos sonhos e a sensibilidade que nos causa emoção. E que a arte continue tornando nossas vidas sempre um pouco melhor.
Com amor
Fada do Mar Suave.