Catherine Brooks









Da insignificância de minha vida





“É tão belo como um sim / numa sala negativa.
... Belo por que é uma porta / abrindo-se em mais saídas...”.
(João Cabral de Melo Neto)



Desejo ser um poeta como
Pablo Neruda
Quero sentir a humanidade de Álvares de Azevedo
Escrever com sangue tal como Clarice Lispector
Delicadamente como Cecília Meireles e Ferreira Gullar
Sensivelmente como Cora Coralina
Amar como
Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes
Se entregar como
Camilo Castelo Branco
Sofrer na alma como
Augusto dos Anjos
Falar como Gregório de Matos
Instigar como Adélia Prado
Ver como
Fernando Pessoa e Mário Quintana
Atingir o estômago como faz Florbela Espanca
Sujar as mãos como Bertold Brecht
Limpar a alma como Dostoievski, Sartre ou Camus
Morrer como Murilo Mendes
Viver como Chico Buarque
Descrever como Euclides da Cunha
Enlouquecer como Lima Barreto
Elucidar como Machado de Assis
Tornar-me íntegro como Gilberto Freyre e Florestan Fernandes
Otimista como
Adriano Suassuna e Darcy Ribeiro
Ser incansável como João Guimarães Rosa e Graciliano Ramos
Realista como
Castro Alves e João Cabral de Melo Neto
Tocar como Tom Jobim
Cantar como
Elis Regina...
Diante de tanta divindade... é belo ser insignificante.




Lúcio Alves de Barros

Publicado no Recanto das Letras em 23/03/2008
Código do texto: T913198

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