Brita Seifert

 

  

  

  
  
 

 

NÃO TE AMO
 
 
Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma --- tenho a calma,
A calma --- do jazigo.
Ai! não te amo, não.
 
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida --- nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
 
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
 
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
 
E quero-te, e não te amo que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
 
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
 
 
Almeida Garrett


2 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente espetacular!!!!!!!!!!!!!!

Beatriz Lorena Carmon disse...

Fada Você não imagina i quanto eu invejo teu blog. Claro que uma inveja branca, aquela que não é destrutiva, mas aquela saudável de admiração e como gostaria de ter esta capacidade de garimpar o que há de melhor neste mundo cultural que tanto interesso por ele e além que você sabe transformar tudo em beleza.
Estou sempre sapeando pelos blogs e vejo muitas colagens do seu blog sem o seu link e penso que pobreza de espírito! A falta de criatividade e também de ética acabam por colar tudo o que vê. Minha admiração por você vem justamente de você fazer sua própria pesquisa com respeito aos autores, coisa difícil de ver por aqui. O blog tem o seu jeito, o seu carisma, a sua sensibilidade reconhecida por todos que a conhecem. Bom, o que importa mesmo é que eu amo este lugar e amo você. Beijos da Biloca