Evelyn De Morgan








“Humildade


Senhor, fazei com que eu aceite 
minha pobreza tal como sempre foi.
 

Que não sinta o que não tenho. 
Não lamente o que podia ter 
e se perdeu por caminhos errados
 
e nunca mais voltou.
 

Dai, Senhor, que minha humildade 
seja como a chuva desejada 
caindo mansa,
 
longa noite escura
 
numa terra sedenta
 
e num telhado velho.
 

Que eu possa agradecer a Vós, 
minha cama estreita, 
minhas coisinhas pobres,
 
minha casa de chão,
 
pedras e tábuas remontadas.
 
E ter sempre um feixe de lenha
 
debaixo do meu fogão de taipa,
 
e acender, eu mesma,
 
o fogo alegre da minha casa
 
na manhã de um novo dia que começa.”

Se temos de esperar,
que seja para colher a semente boa
que lançamos hoje no solo da vida.
Se for para semear,
então que seja para produzir
milhões de sorrisos,
de solidariedade e amizade.

Cora Coralina

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