Claude Monet








Ecos do realismo: Proh pudor!


Todas as noites ela me cingia 
Nos braços, com brandura gasalhosa; 
Todas as noites eu adormecia, 
Sentindo-a desleixada e langorosa.
Todas as noites uma fantasia 
Lhe emanava da fronte imaginosa; 
Todas as noites tinha uma mania 
Aquela concepção vertiginosa.
Agora, há quase um mês, modernamente, 
Ela tinha um furor dos mais soturnos, 
Furor original, impertinente...
Todas as noites ela, ah! sordidez! 
Descalçava-me as botas, os coturnos, 
E fazia-me cócegas nos pés...


Cesário Verde
Lisboa
Publicado no Diário da Tarde (Porto), 22 de Janeiro de 1874.

Um comentário:

ARTES, ENCANTOS e POESIAS por Marleninha disse...

MARAVILHOSO ..............LINDO TRABALHO ............ AFFFFFFFFFFFFFFFFF EMOCIONANTE .......... BJKS ,,,,,.........