Claude Monet







Lágrimas


Ela chorava muito e muito, aos cantos, 
Frenética, com gestos desabridos; 
Nos cabelos, em ânsias desprendidos 
Brilhavam como pérolas os prantos. 

Ele, o amante, sereno como os santos, 
Deitado no sofá, pés aquecidos, 
Ao sentir-lhe os soluços consumidos, 
Sorria-se cantando alegres cantos. 

E dizia-lhe então, de olhos enxutos: 
- "Tu pareces nascida da rajada, 
“ Tens despeitos raivosos, resolutos: 

"Chora, chora, mulher arrenegada; 
"Lagrimeja por esses aquedutos... 
-"Quero um banho tomar de água salgada." 


Cesário Verde

2 comentários:

Alminha Iluminada disse...

Fantástico!!!

ARTES, ENCANTOS e POESIAS por Marleninha disse...

SEM PALAVRAS ...........LINDO ..BELISIMO ...........PARABENS ............AMEI ..............BJKS .....M*