Mark Spain






Um animal: o sexo do homem. Outro: o sexo da mulher. Um animal dentro, no centro, entre as pernas de outro animal. Acorda. Nem sempre acordam ao mesmo tempo, o homem e a mulher, vivam juntos, estejam deitados lado a lado.  Em todos os casos é a passagem, ou não, de um mundo a outro: do caos a uma ordem, também ela um pouco enigmática. Sempre sob uma certa violência íntima (uma con-fusão indefinida) que deseja violar e ser violada — uma aproximação do crime e da morte. É preciso destruir o que existe (os eus defendidos pela pele) para dizer a realidade erótica e criar (forçar) um novo estado de coisas. Eu quero o outro como ele é mas vou transformá-lo e desejo que ele me transforme — é essa a essência e o destino da sexualidade, seja ela a reproductiva ou a do jogo amoroso, enigmas ambos indecifrados. Linguagens fazendo-se.

Casimiro de Brito

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