Lisa Falzon






A CHUVA LENTA



Esta água medrosa e triste,
como criança que padece,
antes de tocar a terra,
desfalece.



Quieta a árvore, quieto o vento,
e no silêncio estupendo,
este fino pranto amargo,
caindo!



O céu é como um imenso
coração que se abre, amargo.
Não chove: é um sangrar lento
e longo.



Dentro de casa, os homens
não sentem esta amargura,
este envio de água triste
da altura;



Este longo e fatigante
descer de águas vencidas,
até a Terra jacente
e transida.




Chove... e como um chacal trágico
a noite espreita na serra.
Que vai surgir na sombra
da Terra?



Dormireis, enquanto fora
cai, sofrendo, esta água inerte
esta água letal, irmã
da Morte?

Gabriela Mistral

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