Lisa Falzon







CUME



A hora da tarde, a que põe
seu sangue nas montanhas.



Alguém nesta hora está sofrendo;
uma perda, angustiada,
neste entardecer, o único peito
contra o qual se estreitava.



Há algum coração em que molha
a tarde aquele cume ensangüentado.



O vale já está na sombra
e se enche de calma.
Mas, olha do fundo, que se incendeia
de rubor a montanha.



Eu me ponho a cantar sempre a esta hora
minha invariável canção atribulada.



Serei eu a que banha
o cume de escarlate?



Levo a mão a meu coração a mão e sinto
que meu lado jorra.



Gabriela Mistral

Nenhum comentário: