Marie-Paule Deville Chabrolle






 

 

 

 

 

 


A SEGUNDA VINDA


Voando cada vez mais longe,
o falcão não ouve mais seu falcoeiro.
Tudo se desmancha no ar. O centro não segura
a imensa anarquia solta sobre o mundo.
Terrível maré de sangue invade tudo e
as cerimônias da inocência são afogadas.
Os homens melhores não têm convicção;
e os piores estão tomados pela intensa paixão do mal.
Alguma revelação vem por aí;
sem dúvida, é a Segunda Vinda.
Segunda Vinda! Digo estas coisas e o espírito do tempo
nubla meus olhos: nas areias do deserto
uma forma de leão com cabeça de homem,
com o olhar vazio e impiedoso como o sol,
move-se lentamente, enquanto rondam as
sombras de raivosos pássaros do deserto.
Voltou a escuridão; e eu vejo que vinte séculos de sono de pedra
querem se vingar do pesadelo que lhes trouxe o berço de um presépio.
A hora chegou por fim;
que monstruosa fera se arrasta para Belém para renascer?



William Butler Yeats

Um comentário:

Saskia Karen disse...

Surpreendente. A cada dia uma surpresa boa, colorida, inusitada. Um desfile de estrelas que nos fazem viajar por galáxias jamais pensadas. Muito bem! Um espaço proveitoso e importante.
Saskia Karen