Édouard Manet








Homenagem (Hommage)

Silêncio de um tecido em seda cinerário
Mais que uma só dobra pode desdobrar
Sobre o móvel que a queda do grande pilar
Derroca com a memória em estado precário.
O nosso antigo embate triunfal do glossário
Em cifra, hieróglifos de que o milhar
Se ergue a ressoar com a asa um fremir familiar!
Guardem-no, para mim, melhor, em um armário.
Do ridente fragor original odiado
Por entre as claridades mestras viu-se alçado
Até um adro nascido para o simulacro,
Trompas fortes de baço ouro sobre velinos,
Richard Wagner, o deus, a irradiar ritual sacro
Que a tinta mal cala em soluços sibilinos.



Stéphane Mallarmé



Um comentário:

Anônimo disse...

Emocionante, de uma beleza sem fim. Mallarmé e Manet e o impressionismo batendo forte em nossa alma.