Jean Bailly








Dias de canário

Ele sempre fora livre
tinha olhos claros do sol
com seu canto hipnotizava o observador
peito de ferro,
sempre pronto a gritar pelo canto a ser roubado.

Acorrentado ficou tal como canário da terra preso
triste
sem asas
horizontes
montes
rios
e telhados.

A liberdade era tudo
o nada
depois virou gaiola de ferro
o canário calou
ficou cansado
canta menos
come alpiste
não sente o cheiro da chuva
tampouco sabe se ela caiu.

Vê tudo de longe
até seus iguais
se bate na gaiola
chora cantando
canta chorando
e pula de um lugar a outro
sem fim
sem mais
até que o dia passa
e a lembrança
os sonhos
da liberdade não voltam
e começa tudo de novo
piu, piu, piu.


Lúcio Alves de Barros

Nenhum comentário: