Jean Bailly









Espelho do que sou

Não sei o porque de não gostar do espelho
Devo no fundo desse abismo me odiar
Talvez nada merecer
Conquistar

Vira e mexe um corvo teima em posar nos meus duros ombros
Fico meio de lado e as costas doem
Acabo me achando mais feio do que sou
E quebrar o espelho seria uma saída meio infantil

Dentro de mim eu grito
Um choro, por vezes, alto está no meu fígado
E uma trombeta gigante berra no meu peito
Que peso é esse que carrego?

Em qual parte de mim posso encontrar algo?
Não sei e não tenho ciência se desejo algo encontrar
Posso não reconhecer ou não gostar do que sou
E viver para sempre procurando-me nesse espelho.


Lúcio Alves de Barros

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