Anne Bachelier







Soneto XXIV


Não censureis, Damas, se tenho amado:
Ou se senti mil tochas abrasantes,
Fadigas mil, mil dores penetrantes.
Se por chorar vi meu tempo esgotado,

Ah! Que meu nome não seja acusado.
Se eu falhei, sofro as penas atuantes,
Não aguces os ferrões acirrantes:
Pensai que Amor, quando tiver chegado,

Sem vosso ardor de um Vulcano escusar
Sem a beleza de Adônis usar,
Vos tornará talvez mais amorosas.

Mesmo com menos do que eu tive então,
Será estranha e forte esta paixão.
E não sejais portanto desditosas.


Louise Labé

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