Sokolova Nadejda







DISFARCE

(para Moema Tinoco Cunha Lima)




De salgema

O poema

Já disfarça

Meus dilemas.

Nele arrisco

Meus cristais

E empenho

Esperanças

Que decifro

Circunscritas

Em lembranças.



Meu poema

É agonia

Em enigmas;

É espelhos

Que deforma,

Mistifica,

Ao inverso

Meus mistérios.



É esgar

De conflitos

Que sustem

Os meus gritos.

É espada

Que alanceia

Meus espantos.

E meus medos.

É navalha

Que me fere

Pele e cerne.



É a sede

Que acicata

Meus limites

E me seca

Riso e lagrima.

É vertigem

De tumultos

Em meu peito.

É florete

De palavras

Com argumentos.

É silencio

Que devora

Em seu travo

De meu ventre

Os segredos

E os degredos

Tão amargos.



É verdade,

Servitude

O disfarce

Que me inventa

Divergente

(nele escondo

Meus fantasmas

Consciente).

Armadilha

Que me prende

Á medida

De meus medos

E anseios.



É o ritmo

Que decifro

Do improviso.

É o arauto

Que inaugura

Com avantesmas

A mensagem

De amargura.



Face múltipla

Que recria

Minhas flautas

De alegria.

É alaúde

De estilhaços

Que me ferem

Abstratos.



Meu poema

É suplicio

No disfarce

De narcisos.




Myriam Coeli


Um comentário:

Gleydson Lebon disse...

Amei seu blog! Fiquei horas aqui vendo posts antigos. Tudo lindo e com um bom gosto incrível! Batik uma arte que conheci por meio deste espaço e encantou-me.
Parabéns pela elegância apresentada.