Lauri Blank







A morte em sonho...



Acordei hoje apavorado...
Estava todo molhado
Não pensem que sou um tarado
Mas despertei achando que a morte tinha chegado.

Lá no céu, cheio de anjos de olhos gordos de Aleijadinho, vi o coitado procurando seus dedos agachado
Minha mãe veio ao meu encontro e disse que estava tudo acabado
Inclusive, o meu sofrimento que há tempos vem me abalado
A coisa anda tão feia que - dificilmente – alguém se sente amado

Caminhei de mãos dadas com ela e achei prudente ficar calado
Ela amaciou meus cabelos e escorregou seus dedos furados de trabalho pela minha face e disse para que eu não ficasse alarmado
Mostrou-me Deus que não fala com muita gente, pois anda no Haiti ocupado
Também me mostrou um monte de santos, até São Sebastião, o qual achei bastante desanimado.

Olhei para o lado e também vi São Francisco, muito engraçado
Talvez por causa de Santa Clara, que perto dele o fazia bastante acanhado
Era tanta gente que fiquei meio anestesiado
E uma fila enorme, pois a burocracia do céu é algo estampado

Era muita gente e fiquei novamente assombrado
Perdi minha mãe e um demônio pequeno havia me encontrado
Ele disse que “a vida é curta e a morte é certa”, mas tem o seu momento adequado
Empurrou-me céu abaixo e disse que o fim eu havia encontrado.

Fui voando meio atabalhoado
Um avatar dentre tantos mortos que fiquei meio fantasiado
Acabei chutando a parede e acordado
Pernas e braços estavam doendo e no travesseiro minhas lágrimas havia encontrado.

Acordado e molhado
Aos poucos minha preocupação foi ficando de lado
A face de minha mãe tomou minha alma como um anjo alado
E não mais me importei com a morte, pois sei que lá no céu serei novamente amado.



Lúcio Alves de Barros

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