Lauri Blank










Do outro lado do morro


Estou descendo o outro lado do morro
já ando cansado de tudo
sem vigor nenhum
como a pena descascada do pássaro que passou

Andei, sonhei e cai de pedra
não consigo levantar
vou rolando em pernas trêmulas
devagar, mas vou arrastando.

Virando o corpo vou descendo o morro
já não sonho tanto quanto antes
vou lamber as feridas
deixar o corpo indo - como faz a chuva quando cai

Não vou me debater
tentei e levei
chagas e mais chagas definitivamente me cansaram
vou somente observar, pois ando enxergando mal

Vejo agora o mundo e as coisas do jeito que são
duras e secas
severas e árduas
os sonhos são para os que podem

Teimoso e chato
decidi não mudar o imutável
pois somente sou
um ser humano que desce o outro lado do morro

Sem história
seguirei só, descendo no escuro de sempre
pouco me resta do resto que sobrou de mim
e ficarei assim...  descendo, pois subir não dá mais.


Lúcio Alves de Barros

Um comentário:

Fada do Mar Suave disse...

Poeta Lúcio Alves de Barros, agradeço sua gentileza, delicadeza em contribuir com o Blog. É sempre uma emoção fazer sua página e suas poesias tocam o coração de todos que a lêem. Sua presença é sempre uma dádiva divina.
A arte de Lauri Blank é belíssima, enche os olhos de belezas e a alma de visões mágicas.
Sou grata a vocês amigos que nos visitam e deixam mensagens carinhosas aos artistas que iluminam este espaço.

Com carinho da Fada do Mar Suave.