Jake Baddeley






Exílio


Alisando fio de orgulho nos olhos de águia,
Emergida da solidão, escotilha escancarada,
Vislumbro o porto do exílio na enseada.
De nada adianta o canto da montanha,
Nos lábios feridos por espinhos dispersos,
Da última explosão de versos?...

Sou dos gumes dos punhais sangrentos:
Firo e corto!
Não importa o rastro, o lastro,
O mastro é panteão de ilusão, furacão.
Meu corpo é caule de arrasto,
Mistério atravessado, entalhe de perdição.

Minha arribação vem das aves de rapina,
Das cobras caninanas, das suçuaranas,
De riba das tempestades sulinas,
Das fêmeas felinas, das bailarinas
Que dançam a flor na língua libertina.

Quero o alto das pedreiras, que as pedras,
Companheiras, não saem do chão,
Mas gritam meus versos, sem boca,
Deixando um perfume vilão
No céu de seda que beija ondas e docas
De graça...


Stella de Sanctis

8 comentários:

Kátia Torres disse...

"Minha arribação vem das aves de rapina,
Das cobras caninanas, das suçuaranas,
De riba das tempestades sulinas,
Das fêmeas felinas, das bailarinas
Que dançam a flor na língua libertina."

Precisa dizer mais? Stella fêmea que se defende, mostra-se forte, aguçada, mas é seda.


Kátia Torres*

Unknown disse...

Teu retrato ao meio, Stella: a outra fase da moeda é singela!Linda poesia.Gostei muito das telas.

Unknown disse...

Um auto-retrato, subjetivo ou não, muy bello!Aqui a poetisa salta da tela as nuances que ,nela,gritam.Tudo é momento,
o céu de seda revela.Amei a poesia e as telas.

Unknown disse...

Poesia densa e criativa,pintando tela que desnuda a fortaleza do ser...Mas, concordo com todos:Stella é tudo isto e ainda singela.Linda poesias e telas.

Unknown disse...

Criatividade abordando o tema-Deslocamento e força, descontentamento e firmeza:luta,vida,paixão que não se desterra do peito.Maravilha de poesia e telas!

Unknown disse...

Poesia forte, impactante.Gostei demais.

Vicente

Unknown disse...

Quero o alto das pedreiras, que as pedras,
Companheiras, não saem do chão,
Mas gritam meus versos, sem boca,
Deixando um perfume vilão
No céu de seda que beija ondas e docas
De graça...


Perfeitos versos, perfeitas telas!

Unknown disse...

Um auto retrato na fugacidade da vida, como todos os retratos, passageiros.Aqui a força da feminilidade que faz cantar céu e pedras.E as telas compondo a solidão junto ao poema.Amei.