Anke Merzbach








Saturno



quando eu não mais vir

as estrelas claras

no céu

de ontem

ou de sempre

tampouco sentir o aroma

da Dama da Noite

a embriagar viventes

de pálidas tendências

a tecer

encantamentos

é porque deixei de lado a melancolia

ardente

de meus lábios cerrados nos teus



e a teus pés

Saturno!

outra vez,

minhas células incensadas

não compartilham

a distância

da ausência de nós.



Mutações crescentes

de desejos cindidos

por vontade alheia de mim



(a dor só é minha sem o rubor da tua pele,

meu olhar estremecido de vida)




Ana Paula Perissé


Nenhum comentário: