Sokolova Nadejda










INFÂNCIA



O alfabeto na lousa

Desafia a memória.

A lição explorada

No caderno escolar.

O livro de figuras

E de linhas tão puras,

Mas de linhas tão certas

Para idéias incertas.

No ritmo das palavras

E na cor das estampas

Meridianas lavras

Para futuras searas.



O mistério no mapa

Vivas cores exprime

Com nomes imperfeitos

A lucidez dos versos;

Mas olhando direito

Traz concreto cansaço

Parco e serio repasto

Para o traje e o pão

Não lidos, consumidos

Por nosso corpo e mãos.



O cansaço nos olhos

E na tremula mão,



Já maquina o corpo

Nas palavras, o ofício,

A metáfora e o chão,

Mas na voz mansidão.

O consciente lirismo,

Domiciliar abrigo

De cantigas e versos

De ilusória razão

- não livres, consumidos

Por nossa arte e ação.



O alfabeto na lousa

Liberto o mapa ao lado

Era outra dimensão

Era um mundo inventado:

Domínio colorido,

Janela transformada.



Nos, sonhos matinais

Íamos de terra em terra

A ignorado reino

Que, por distração única,

Não estampava o jornal.



Sonhos tão bem talhados

De emocional invento,

- reinos confabulados

De ritos e de fabulas

Consubstanciados

Com coisas que na mente

Germinam, não foram

Os traços, pontos negros

Das rotas cardeais.



O mundo em nossas mãos

Do mapa a lição

De ocasionais veredas

Para se olhar contidas

E inventar dimensões.

- que já nos padecia

Com lirismo e poesia

A buscada posição.



Myriam Coeli


Um comentário:

Sonia Marulza disse...

Nossa, Fada! Quanta beleza povoa seu mundo. Que coisa mais linda é isto. Você é um tsunami em artes, aqui o conhecimento artístico jorra como fonte cristalina. Nós agradecemos por tanta informações importantes. quanto já aprendemos nesta escola de artes. As poesias são lindas e a música fecha este círculo perfeitamente belo.
Adoro-te!